do julgamento

Julguem-me o quanto quiserem. Não me importo. Aliás, quase me agrada poder suportar esse fardo sem grandes esforços. O que eu mais gosto disso tudo, é que quanto mais impetuoso e ferrenho é o vosso julgamento, tanto maior será vossa surpresa.
Procuro o meu lado mais generoso para tratar convosco, enquanto me rotulam, me limitam a um estereótipo e punem-me com indiferença. Por isso digo surpresa e não engano. Porque o engano nunca me apetece, nem mesmo quando é a meu respeito que se enganam, o engano é uma forma de atraso e já é tempo de despertar.
Vocês não sabem que o que pesa realmente sobre os ombros de um homem é essa capa preta e o martelo irrevogável com que se vestem suas parcas consciências. Não sabeis o valor de um engano? Parece-me que não, do contrário, estariam aprendendo com os teus. Mas o passado está sempre assombrando nossas vidas. Ele é uma armadilha insondável que prende um homem sem mesmo que ele possa antes alcançá-lo. E vocês se perderam num lugar qualquer entre a vida e o passado. Não veem o quanto é vã tua batalha contra o tempo esmagador? Os erros e enganos são buracos em que devemos cair e dentro, neles, sentir medo, pra depois rompermos com a escuridão e as paredes que nos cercam. Pra depois olharmos o céu com menos parcimônia. Aceitem que tudo morre e/ou cai por terra um dia, até os erros mais profundos, até o mais imperdoável dos enganos... julgar.

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