poema dos nomes dos poemas

bilhete ideal poema apaixonado

as coisas

Minha pátria para José Saramago alquimia nossa história:
Dexistência, (Maio) Aurelianos e Arcadios
para Nequinho perdido, desconsagem

O que Há: mulher passante o ilógico necessário
entreaberto(das portas)
dos erros predigo:

Arte de Amar
alguma casa
Zaqueu ficou entardecido sobre corpos e almas

o que tenho,

Santanejo Latino America coração remendado...

Augustos os anjos pequena oração madrigal, desabafo.
Descaminhos

se

Elemento. Pensei desinvenção
épico.

Sobre todas as coisas e uma só: momento.
Soneto de retalhos declaração

d
e
s
c
o
n
c
e
r
t
a
d
o


TIC


TAC

na veia desenhando com palavras,
poetar sentido me repito


poesia.

bilhete

Eu queria dizer que nunca tinha entendido desse jeito
e que agora toda vez que ouço eu penso nisso.
Eu colecionei descobertas sobre coisas abandonadas,
guardei palavras eu soprei a poeira e esperei...
eu ainda penso e é melhor do que nada.
Agosto é um mês muito marcado,
a verdade é que eu quis gritar aquela hora
depois eu quis sentar na calçada e esperar...
Deu vontade de loucuras.
Também quis falar sobre isso,
acho que a loucura é um impulso de loucura,
filha da linguagem e que se eu ficar louco um dia,
vai ser como embaralhar as palavras com erros de separação silábica.
Parece aquele poema do Ferreira, aquele mesmo...
já tá até com uma orelha na página,
genial porque dava vontade de demorar eterno.
Sincero. Não entendo, porque é sempre assim comigo.

ideal

Eu queria uma casa com uma rede,
queria ver um filme de amor,
queria ler um livro de amor.
Eu queria compor uma canção de amor,
eu queria cantar sem letra o lalala do amor.
Eu queria que passasse um rio atrás de casa,
eu queria todos os dias ler um poema novo sobre o amor.
Eu queria sentar na calçada e olhar o tempo derramado,
eu queria receber um telefonema inesperado,
eu queria conhecer os seus motivos,
eu queria visitar Gabo em Cuba,
eu queria ter escrito o Pátria Minha de Vinícius,
eu queria pôr o pé na estrada,
eu queria dar a volta ao mundo.
Eu queria um jogo de cordas,
eu queria um beijo na chuva e um beijo no escuro,
eu queria fazer um gol no Maracanã,
eu queria o lado negro da lua,
eu queria uma chuva de estrelas cadentes e nenhum pedido,
eu queria cantar meu não sei.
Eu queria escrever como quem desenha palavras,
eu queria a reforma agrária,
eu queria um ideal comum ao povo,
eu queria a revolução,
eu queria um bem querer de simples,
eu queria que amor fosse a primeira e a última palavra de cada dia,
eu queria uma casa com uma rede,
eu queria ver um filme de amor,
eu queria ler um livro de amor,
eu queria compor uma canção de amor.

poema apaixonado

Interessados estão os microbiologistas
em novas colônias de fungos e na atividade das saúvas atlânticas,
interessados estão os físicos, os curiosos
e o Vinícius na teoria das cordas.
Os Estados Unidos estão interessados no urânio do Irã,
os farmacêuticos pela gripe suína,
interessados estão os midiáticos, os empresários,
os fazendeiros e o jornal nas próximas eleições.
Eu estou é apaixonado por você menina,
desde o dia em que você surgiu com a flor no cabelo
e no meu coração virou menina-flor menina-sonho menina-riso.
E eu então aprendi a recitar Neruda em espanhol:
"puedo escribir los versos más tristes esta noche..."
pra que você achasse belo como num conto de amor sem ponto final,
tão apaixonado por você menina-vento
que eu choro quando ouço o Milton, que eu oro quando canto o Clube,
tão perdidamente apaixonado
que eu subiria o monte olimpo, eu lutava contra o dragão
lutava contra os deuses pra que o amor fosse eterno
e pra que a beleza tivesse o teu nome marcado à fogo e trovão
na celebração dos banquetes, das bacantes, dos dionísios com D minúsculo.
E então quando mais tarde os filósofos falassem do belo
não falariam mais que do teu verbo de ser, ao dormir, ao comer e ao cantar.
E os poetas embriagados morreriam do mal da fome dos versos perdidos
depois de te terem visto uma única vez, um único segundo,
a própria poesia ia aflita em ti fundir-se pra ser assim mais pura!
Mulher-ave causadora de todas as minhas sandices e todos os meus desvarios.
Eu depois de ti,
cuidava apenas de guardar tudo que é triste e chora de tristeza,
eu ia até o jardim mais simplório
colhia uma Tulipa ou uma Violeta e lhe dava
para que colocasses nos teus cabelos atrás da orelha
e meu poema fizesse então algum sentido
por ser apaixonado e não meramente interessado/interessante.

As coisas

Vasos rachados são curiosas criaturas.
O menino da lua um dia me disse:
- As borboletas são flores que aprenderam a voar.
Somos amigos de filosofias jardineiras.
Me apoquentei de sossegos menores.
Nas tenras manhãs de julho desperto propício a lagartixices.
Um vaso com avencas faz qualquer lembrança de caramujo.
Minhas alegrias são crianças sem memórias.
A genialidade das coisas simplicia silencidades.