" Seria quando a gente limpa ele de algum verniz, de alguma
semostração, de brilhos falsos, de preciosismos, das dores de cor-
no e coisas que tantas. É preciso que o verso seja o indizível pessoal
de cada um. Que as nossas caras e as nossas verdades não sejam
expostas senão de costas. Que seja o verso um disfarce de nós, uma
pose ambígua. A despersonalização serve pra multiplicar o que a gente é.
"O verso tem que ser o véu e a capa de uma outra coisa",
como queria Fernando Pessoa. O verso está sol quando seja apenas
linguagem."


trecho de uma entrevista de Manoel de Barros.