Eu te desafio.
Façamos um pacto de sangue, um pacto de lágrimas;
o mundo ainda quer nos engolir,
engolir nossas escolhas,
mas eu te peço:
- negue! O destino que separa o amor.
mas eu te peço:
- ame! O destino que nós inventamos.
Hoje o amor é muito mais que uma conquista
que um ideal ou qualquer tábula rasa.
Hoje o amor ultrapassou a barreira da linguagem,
ultrapassou a barreira do som. Porque hoje
o amor é o depois de toda dor da experiência, toda decepção daquilo
que não se realizou. Hoje o amor é o silêncio
que surge depois da palavra, depois de tudo que foi visto,
depois de toda busca por entendimento ou explicação.
Hoje o amor é para além de tudo aquilo que foi em vão.
Eu te desafio.
façamos um pacto de pele, um pacto no breu;
o mundo não é suas distâncias,
mas seus caminhos
e eu te peço:
- não meça mais o tempo.
eu te peço:
- pinte apenas o quadro impossível.
O amor é e será sempre hoje
tão imaterial quanto palpável: sonho-real.
O amor é o reconhecimento tátil do eterno indizível.
O encontro que não se poupa;
que é total na sua justa incompletude,
que é verdadeiramente belo
no erro da diferença.
Eu te desafio.
Façamos um pacto: de sofrer e gozar todo amor que nos envolve e nos permeia
sem medo.