Vai chegar o dia em que eu vou fugir de todas as rotas.
Das rotinas.
Dos rótulos.
E a retina não mais refletirá o nojo das esquinas urinadas, dos amontoados de lixo
jogados aos pés de postes que não iluminam.
O olhos não mais será o espelho lacrimoso
Dos meninos de rua que se perdem entre a cola de sapateiro e um sonho de futebol.
Que se perdem na ilusão - na ilusão que é o carnaval.
E no medo da polícia.
Não adianta fechar os olhos, pra esquecer toda miséria.
É inútil servir-se desse escudo que é pálpebra, visto o visto, e ainda o que há por vir.
Dói trazer nos olhos isso que se diz mundo/homem, que grita fome! - pois os vermes enchem a barriga, mas não nutrem a carne, nem o pensamento - e é tudo vida,
hemorrágica, vomitando violência.
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