Velho Zaqueu ficou. Sempre ficou. Seu saber consistia ficar.
Não era homem de ir. Era de ficar.
De raíz. Como que se tivesse ali naquele chão rachado brotado qual mandacaru
pela uma fresta mais barrenta que poeira. Planta caatingueira é isso:
um não dito tão forte que se faz ouvidado. Que não vai.
Essa ficância de insistência que não mata a raíz de essência
mas num chega pra flor. De tanto não ir; nem querer
gente se debruça ensimesmado e o quintal se agiganta no horizonte do olho.
Santo Zaqueu zeladô de todos os mistérios que não são todos
mas são todos os que são, de tanto se arrepensar encontrou uma garrafa vazia,
impossível de se arrolhar porque nela o mistério era o seu próprio vazio.
Zaqueu parou. Coçou a barba e pensou em Lilo... Foi reticente seu pensar,
demorado. Campeou até a sombra de uma esperta. Enrolou uma palhinha pra mode
neblinar os pensamentos com o intuito de depois.
Talvez nunca mais Zaqueu usasse seu velho ofício, talvez fosse a última garrafa
o seu último mistério descomeçado, interminado. O seu próprio mistério.
Pela primeira vez em ser Zaqueu sentiu velhice. Não nos ossos nem nos pés.
Na garganta dalma; talvez fosse saudade.
Santo velho nunca tinha esperado nada que fosse na vida.
Nem também não tinha nunca querência de passar tempo, pois praquele antigo
olhar o vôo das borboletas requeria muita concordação.
Mas agora, na boa hora em que a terra recomeçava a beber seu suor trabalho
ele arreparava velhice velha, saudade chuva.
E pensava se o ele próprio engarrafaria o mistério de por detrás do mistério.
Sertão um livro, um poeirão batido sem folha inteira e um pensamento:
toda saudade é uma espécie de velhice. Zaqueu ficou.
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