Eu te diria
mulher passante,
do despertar alucinante
que me causas!
Mas, ai! Queria antes
uma pausa, de mil silêncios,
pra contemplar te fora do Tempo,
e descobrir palavras.
As que melhor lhe cabem,
nos braços belos,
aos ombros, cabelos caídos,
na tua pele perene... Ah mulher sem nome!
Que me olha e me crava
e depois vai embora com seu porte real,
de realeza selvagem; felina
ferina!
Te diria,
mulher passante,
se me olhasses nos olhos eternamente.
Te diria,
o que te digo nos olhos eternamente:
A linguagem corpórea animal,
que dispensa falar em palavras
o que só cabe nas mãos.
Te diria,
mulher passante,
porque já te fostes de mim,
dos meus olhos parados,
castanhos.
Te diria,
mulher passante,
todas as línguas dos homens
contidas no meu sonho presente,
e nenhuma delas seria certa,
não seria poesia,
que escorres dos lábios,
não te coraria por acender lhe
um breve fulgor crepitante
nas tuas faces perfeitas.
Só te diria,
mulher passante,
plenamente o que és ao invadir me
os olhos, o pensamento,
assim dessa maneira não dita,
desse sonho irrealizado.
Te digo,
mulher passante,
és um delírio! No meio do dia,
na boca da noite.
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