Há que se escrever
o já escrito. Reescrever. Repito.
Até não se saber mais nada.
E largar o pouso perdido
das palavras.
Escrever:
Lua,
por sensação de só.
Solidificar se à altura das
cores.
Há que se escrever
sobre o suspenso estar
observador.
Escrever, reescrever, subscrever,
circunscrever a própria
imprópria desleitura.
Consoante ao medo infante
[salvo todos os piratas]
a abertura delirante
de vogais efêmeras.
Há que se escrever
o crime dos que não pagam,
dos que não pedem,
dos que não podem.
Há que se escrever
as cebolas choradas por décadas,
descascadas em versos,
temperadas na solidão
das facas; cegadas de vento,
acostumadas aos calos das mãos de Maria,
aos dedos atrofiados de Úrsula.
Há que se escrever
logo pela manhã, depois do café.
Escrever: noite
e seu negro manto escorregadio.
Há que se escrever
sem pensar
a libertação das vozes
carentes de substância,
recolher o som
e ouvi las.
Há o que há,
escrito
ou
ainda por ser.
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