Da varanda,
me vi eu - velho -
mirando o infinito.
O não fim: som de vidro parado.
Me vejo de fora de mim
[sem olhos]
sentado numa cadeira de balanço
ruminando a minha alquímica intenção
de cristalizar os sonhos, os beijos, as juras,
os amores;
eu querendo romper a fronteira que separa
o passado do futuro do presente. Descobrir
a poção que anula o tempo.
Eu velho-novo-velho inventando um cenário
que demora a velocidade do som,
um pedido que flutua à ausência de espaço.
Eu me mirando ao mirar o que infinito
só cabe no pouquinho de alma
que o olho derrama quando nada quer
além da intenção.
Eu absorto
contemplativo por todas as minhas vidas
escritas em livros de nuvens
e topos de morros solitudes,
eu com saudades sinceras
de cada pedaço que me encheu,
que me esvaziou,
eu amando o mistério
de não saber jamais.
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