Amor,
eu te escrevo pra me curar de mim mesmo na tua interpretação,
na palavra que ganha a voz da tua consciência e ressoa habitante do teu corpo.
Todo sentimento é maior que qualquer significado, qualquer explicação.
Por isso eu sinto o que te escrevo tanto quanto eu nem soubesse quem eu sou.
Eu enquanto um núcleo isolado, uma solidão no fundo do mar, pouco sou, nada sou.
Mas a vida acontece até o limite de ser a própria consequência infinita de si mesma,
e eu fico tentando esculpir o tempo dentro do espaço que nos compreende,
como se houvesse uma maneira de te amar mais e sofrer menos.
Amar é a vontade de ser no outro, eu aprendi isso em você.
No silêncio do teu tato. E a mesma força que acendeu as estrelas,
habita o sentimento que aperta a boca do estômago, porque o amor que é sempre
relacionado ao coração, quando dói, dói na boca do estômago, como uma fome do avesso.
Viver e estar vivo ao mesmo tempo é muito mais duro que parece. Porque a vida
não é feita de compensações, viver não é intercalar pequenos sofrimentos e pequenas alegrias. É muito mais paradoxal que isso, como sofrer de alegria, como achar bonito
alguém chorando de verdade, na convulsão absurda de estar o tempo todo em situação, de nunca conseguir de fato ser apenas um expectador da vida - você está o tempo todo no seu corpo e o seu corpo está o tempo todo no espaço, toda escolha parte daí. Isso é liberdade.
O amor é o incerto, me parece sempre uma coisa maior, como diz naquela música 'o que é demais nunca é o bastante, a primeira vez sempre a última chance...'. O amor é a garantia de que não há garantias. Eu te amo assim.
p.s.: Amar é a melhor forma de ser livre.
3 comentários:
"Todo sentimento é maior que qualquer significado, qualquer explicação."
UAU, é pra ler quantas e quantas vezes?
Apaixonei em cada frase, cada parágrafo...
Como diria meu amigo Quintana, um bom poema é aquele que nos da a impressão de estar nos lendo...
Divino! =)
Estou apaixonado por seu texto! Segundo dia que leio ele.
abraço
gostei que só.
flores.
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