" Já não queria a maternal adoração
que afinal nos exaure, e resplandece em pânico,
tampouco o sentimento de um achado precioso
como o de Catarina Kippenberg aos pés de Rilke.
E não queria o amor, sob disfarces tontos
da mesma ninfa desolada no seu ermo
e a constante procura de sede e não de linfa,
e não queria também a simples rosa do sexo,
abscôndita, sem nexo, nas hospedarias do vento,
como ainda não quero a amizade geométrica
de almas que se elegeram numa seara orgulhosa,
imbricamento, talvez? de carências melancólicas.
Aspiro antes à fiel indiferença
mas pausada bastante para sustentar a vida
e, na sua indiscriminação de crueldade e diamante,
capaz de sugerir o fim sem a injustiça dos prêmios."
simplesmente Drummond.
Maio
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Vital
on domingo, 15 de maio de 2011
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Descobri que gosto de Maio.
Gosto de escrever outono,
das pessoas que me ensinaram
a beleza de Maio
(principalmente as desconhecidas).
Gosto da clareza de Maio
mais essas tristezas bonitas,
nossos cabelos de vento e
Aquele acorde menor com 6ª reluz
diante da tua cama de folhas
enquanto eu componho uma harmonia imperfeita
pra você improvisar deliberadamente sua beleza,
que suspira e se desapega em Maio.
Gosto de escrever outono,
das pessoas que me ensinaram
a beleza de Maio
(principalmente as desconhecidas).
Gosto da clareza de Maio
mais essas tristezas bonitas,
nossos cabelos de vento e
Aquele acorde menor com 6ª reluz
diante da tua cama de folhas
enquanto eu componho uma harmonia imperfeita
pra você improvisar deliberadamente sua beleza,
que suspira e se desapega em Maio.
Papo UniversiOtário nº 2
Postado por
Vital
on quarta-feira, 30 de março de 2011
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Tenha MEDO! Lado direito, lado esquerdo, de cima debaixo se aprende a pensar que apertar o nariz e saber onde a África não está, nunca esteve é a mesma ação da influência de idéias - porque sim e/ou não - [comida tem que ser] uma coisa engraçada: abóbora enfeitada "such a Fuc-King halloween" MAIS + transgenia pra mim! Suco de pesticida(ROUNDUP na veia e heroína no rim) to be, to be him. Eugenia é uma coisa muito pior do que o fim.
Crianças e quadrados não gostam de psicodramas alimentícios na hora do almoço, na hora do Naruto, enquanto eu fumo um charuto e coloco vírgulas em lugares errados, sujeitos à guincho, sem solução criativa para problemas ainda não fabricados; para defeitos com defeito de fábrica, dos quais não abrimos mão de não abrir mão, porque premeditamos e vamos assassinar a sangue frio toda e qualquer surpresa surpreendida por e com nossas bolas de cristal e fio e cobre e chip e fone e fino e rádio-atividade para operacionalizar alegremente problematizações pré-elaboradas através de olhares laboratórios e reprovadores que nos transmutarão em computadores que amam e fazem piadas via microondas, via wireless, via satélite, via Dutra, via oral[através de olhares reprovadores e laboratórios que nos transmutarão em computadores que amam e fazem sexo estelar, na rodovia, com auxílio GPS].
Nossos princípios retro-projetados, retro-introjetados, introjetados pelo reto em cápsulas supositórios com dissolução rápida, delgada, grossa, das tripas e do coração enfezado de coliformes, de clorofórmio, qualquer onda barata, qualquer onda de barata que vira gente e pouco se fode por filosofias escrotizantes, porque elas não querem nenhuma náusea que não seja fecal, orgânica-alimentar com ou sem drama ou fetiche, sexualidade olfativa é uma forma de paladar. O caminho inverso de amar toda precariedade arbitrária de existir, consumir, falar, excretar, feder e não se importar que o que a gente já jogou fora ainda é um lugar.
Crianças e quadrados não gostam de psicodramas alimentícios na hora do almoço, na hora do Naruto, enquanto eu fumo um charuto e coloco vírgulas em lugares errados, sujeitos à guincho, sem solução criativa para problemas ainda não fabricados; para defeitos com defeito de fábrica, dos quais não abrimos mão de não abrir mão, porque premeditamos e vamos assassinar a sangue frio toda e qualquer surpresa surpreendida por e com nossas bolas de cristal e fio e cobre e chip e fone e fino e rádio-atividade para operacionalizar alegremente problematizações pré-elaboradas através de olhares laboratórios e reprovadores que nos transmutarão em computadores que amam e fazem piadas via microondas, via wireless, via satélite, via Dutra, via oral[através de olhares reprovadores e laboratórios que nos transmutarão em computadores que amam e fazem sexo estelar, na rodovia, com auxílio GPS].
Nossos princípios retro-projetados, retro-introjetados, introjetados pelo reto em cápsulas supositórios com dissolução rápida, delgada, grossa, das tripas e do coração enfezado de coliformes, de clorofórmio, qualquer onda barata, qualquer onda de barata que vira gente e pouco se fode por filosofias escrotizantes, porque elas não querem nenhuma náusea que não seja fecal, orgânica-alimentar com ou sem drama ou fetiche, sexualidade olfativa é uma forma de paladar. O caminho inverso de amar toda precariedade arbitrária de existir, consumir, falar, excretar, feder e não se importar que o que a gente já jogou fora ainda é um lugar.
dos imateriais encontros
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Vital
on terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
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Quando depois de toda história
contada em livros derramados
por gerações de fanáticos iconólatras
que ensaiaram seu sucessivo fracasso
sem causa e sem conserto,
nos deparemos quem sabe com a nossa memória interrompida,
saberemos quem deu a ordem
de atear fogo à essas casas!
e pensaremos à altura do fogo o seu som
que recobra e reivindica as coisas que só se movem paradas.
Terá sido como pensar a luz
enxergando o olho ou o rio bebendo o peixe e o homem
enquanto se mergulha no próprio rumor que ecoa dentro de mim,
quando relembro de encontrá-lo ainda antes de tê-lo visto ou tocado.
São coisas que a história não guarda.
Coisas que não podem ser datadas.
contada em livros derramados
por gerações de fanáticos iconólatras
que ensaiaram seu sucessivo fracasso
sem causa e sem conserto,
nos deparemos quem sabe com a nossa memória interrompida,
saberemos quem deu a ordem
de atear fogo à essas casas!
e pensaremos à altura do fogo o seu som
que recobra e reivindica as coisas que só se movem paradas.
Terá sido como pensar a luz
enxergando o olho ou o rio bebendo o peixe e o homem
enquanto se mergulha no próprio rumor que ecoa dentro de mim,
quando relembro de encontrá-lo ainda antes de tê-lo visto ou tocado.
São coisas que a história não guarda.
Coisas que não podem ser datadas.
Antes de dormir
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Vital
on quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
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Antes de dormir
leituras inacabadas
uma reza do ideal
arquitetura celeste
curva no invisível
vontade de sentir
a inexatidão de querer
a distância das coisas
a surpresa de um verso
que não se adivinha
na lógica desmontada
por palavras alheias
ao destino composto
de sonhos que rimam
na avessa fonética
de uma criatura maior
que o tempo concebido
em fazer-se por nada
só a vontade de ver
concluído pra fora
o abissal sedimento
desmemoriado da vida
que se acumula nos leitos
de oceanos amantes.
leituras inacabadas
uma reza do ideal
arquitetura celeste
curva no invisível
vontade de sentir
a inexatidão de querer
a distância das coisas
a surpresa de um verso
que não se adivinha
na lógica desmontada
por palavras alheias
ao destino composto
de sonhos que rimam
na avessa fonética
de uma criatura maior
que o tempo concebido
em fazer-se por nada
só a vontade de ver
concluído pra fora
o abissal sedimento
desmemoriado da vida
que se acumula nos leitos
de oceanos amantes.
Carta para Manoel de Barros
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Vital
on terça-feira, 18 de janeiro de 2011
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Por fácil que seja o não ter que dizer e ficar de sobrevôo na amplitude
das coisas anominais que penso ter aprendido nas impressões versadas
que Bernardo derramou dos olhos e das mãos e o senhor muito manso poesiou,
Drummondiana é a razão que me leva a querer te escrever o que ainda
que em forma de assobios lhe chegasse algo parecido com uma carta,
e talvez lhe fizesse lembrar daquele seu amigo Rômulo Quiroga que pintava
com casca-árvore-semente-gosma-de-lagarta e até quem sabe te inspirasse
escrever a ele uma carta sobre nada que guardasse consigo muitas águas
e um caramujo-correio a levasse junto com terra úmida mastigada
e cascalhos envelhecidos enquanto o Bernardo caça urupê no mato e se esquece
das mariposas pousadas sobre suas orelhas de pau como adornos naturais
apaziguados em seu coração de peixe serenado - coisa que mistura
propriedades delirantes nascidas na quimera de vegetais subtropicais
ao esquecimento de muito antigas ignorãças que só as pedras
roladas de muitos temporais acumulados saberiam não dizer nem sombrear.
Garças do pantanal trazem no papo mistérios silenciados,
sinto saudade do seu sítio na roça que nunca fui.
das coisas anominais que penso ter aprendido nas impressões versadas
que Bernardo derramou dos olhos e das mãos e o senhor muito manso poesiou,
Drummondiana é a razão que me leva a querer te escrever o que ainda
que em forma de assobios lhe chegasse algo parecido com uma carta,
e talvez lhe fizesse lembrar daquele seu amigo Rômulo Quiroga que pintava
com casca-árvore-semente-gosma-de-lagarta e até quem sabe te inspirasse
escrever a ele uma carta sobre nada que guardasse consigo muitas águas
e um caramujo-correio a levasse junto com terra úmida mastigada
e cascalhos envelhecidos enquanto o Bernardo caça urupê no mato e se esquece
das mariposas pousadas sobre suas orelhas de pau como adornos naturais
apaziguados em seu coração de peixe serenado - coisa que mistura
propriedades delirantes nascidas na quimera de vegetais subtropicais
ao esquecimento de muito antigas ignorãças que só as pedras
roladas de muitos temporais acumulados saberiam não dizer nem sombrear.
Garças do pantanal trazem no papo mistérios silenciados,
sinto saudade do seu sítio na roça que nunca fui.
Ode à idiotia
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Vital
on sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
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Que o espelho cuide sempre de esconder a verdade
Que o espelho seja o meu Outro quando eu estiver só
Que eu nunca esteja só durante a novela das nove
Que o jornalismo sangre cada vez mais e diga cada vez menos
Que a gaveta tenha sempre analgésicos guardados
Que a enxaqueca de cada dia nos dai hoje nunca falte
Que a justiça de cega esmole na sarjeta algumas misericórdias
Que a ciência sentencie a razão do pão do pó e do pâncreas
Que a razão justifique a polícia
Que a fé não se realize senão por indução
Que os heróis tenham pelo menos trezentos anos de história
Que o medo seja sofrido em paz na propriedade privada
Que o amor não se esqueça de fazer as compras do mês
Que a liberdade mova uma ação jurídica nos tribunais
Que de carro se use cinto de segurança
Que o mundo deixe de ser redondo
Que os monstros não sejam feitos de aço
Que a favela anoiteça em paz
Que Antônio Conselheiro seja de uma vez por todas esquecido
Que o brasileiro não seja mais que aquele que vende pau brasil
Que a economia jamais seja considerada política
Que essas verdades que digo desdobradas se repitam à exaustão.
Que o espelho seja o meu Outro quando eu estiver só
Que eu nunca esteja só durante a novela das nove
Que o jornalismo sangre cada vez mais e diga cada vez menos
Que a gaveta tenha sempre analgésicos guardados
Que a enxaqueca de cada dia nos dai hoje nunca falte
Que a justiça de cega esmole na sarjeta algumas misericórdias
Que a ciência sentencie a razão do pão do pó e do pâncreas
Que a razão justifique a polícia
Que a fé não se realize senão por indução
Que os heróis tenham pelo menos trezentos anos de história
Que o medo seja sofrido em paz na propriedade privada
Que o amor não se esqueça de fazer as compras do mês
Que a liberdade mova uma ação jurídica nos tribunais
Que de carro se use cinto de segurança
Que o mundo deixe de ser redondo
Que os monstros não sejam feitos de aço
Que a favela anoiteça em paz
Que Antônio Conselheiro seja de uma vez por todas esquecido
Que o brasileiro não seja mais que aquele que vende pau brasil
Que a economia jamais seja considerada política
Que essas verdades que digo desdobradas se repitam à exaustão.