Humildade

Não sei
Ninguém sabe; amanhã
não nasceu, nunca morre.
Só. Seca ao sol.
Talhos muitos talhos
nos dedos e nas mãos,
baixo das unhas... sujeira limpa.
Calos muitos calos
nos dedos, nas mãos
cima os olhos sem palavra.
Areia, barro, bambu, foice e facão.
Oco estampido, oco silêncio,
ocas todas as noites desluaradas.
Madeira
maciça... Morte: maciça maciez.
Conselho à esquerda,
por distância... um braço
de vento. E tudo que há,
me desminto, momento.
Prefiro sem cinto,
dispenso se tento.
Teatro de incêndio e esquinas.
Nascimento da esquina, vozes, muitas vozes de esquinas.
Cabelos cortados, navalha amolada
Milagre dos peixes e pedras que choram
seus filhos de pó.
Não, ninguém sabe,
amanhã não nasceu; nunca morre.

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