" Que ninguém se engane, não, pensando que o que espera haverá
de durar mais do que durou o que viu. Pois eis que tudo
haverá de passar da mesma maneira."
de Memórias de minhas putas tristes, Gabriel García Márquez
do Leitor
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Vital
on segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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Viver é escrever uma história descontínua
do que se foi a cada agora já vivido.
E depois, ao longo dos rios que secaram
esquecer-se das horas turvas
dos sonhos que não mudaram.
Esquecer de trechos,
dos que não ficaram.
Ah o homem... Talentoso artista
que escreve a vida enquanto lê
às sombras das árvores
e ao canto dos rouxinóis.
Lê também os signos da Terra
e as chuvas detrás do monte,
os olhos dos roçeiros velhos.
O homem lê o não dito - fito -
e se apaga infinito.
De todos os sentidos humanos
o mais sincero é a leitura
que não se restringe
Porque toda linguagem
não passa de mera invenção!
Essa embrulhada que é a vida
vale os livros que lemos.
do que se foi a cada agora já vivido.
E depois, ao longo dos rios que secaram
esquecer-se das horas turvas
dos sonhos que não mudaram.
Esquecer de trechos,
dos que não ficaram.
Ah o homem... Talentoso artista
que escreve a vida enquanto lê
às sombras das árvores
e ao canto dos rouxinóis.
Lê também os signos da Terra
e as chuvas detrás do monte,
os olhos dos roçeiros velhos.
O homem lê o não dito - fito -
e se apaga infinito.
De todos os sentidos humanos
o mais sincero é a leitura
que não se restringe
Porque toda linguagem
não passa de mera invenção!
Essa embrulhada que é a vida
vale os livros que lemos.
Moira
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Vital
on quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
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O final da rua
eu já sei. É o mesmo,
às vezes molhado de chuva,
às vezes com cacos de vidro.
Eu adivinho.
As coisas ficam
da maneira como as deixamos,
ficam? e se não ficam... vãos?
As prateleiras podem cair
e os livros ficarem todos no chão
caoticamente predestinados.
As prateleiras caíram. Talvez
quando descíamos o terceiro andar ou
no derradeiro minuto antes de voltarmos.
Não importa, caíram
e os livros lá
todos no chão
pesa mais Machado a
Dostoievski? Quintana flutuou?
Drummond como uma pedra e um meio,
um descaminho...
É como um dado rolando
aleatório
mas dado,
a gente adivinha e se surpreende.
Como se o que é dado
não fosse dado e se inventasse
sem destino, mas destinado
a rolar e ser acaso - pressuposto e novo -
determinismo e Liberdade. Escolher
o que se é e Duvidar.
Não adianta arrumar tanto assim o quarto,
uma noite dessas a estante desaba e
deixa os livros
todos no chão.
eu já sei. É o mesmo,
às vezes molhado de chuva,
às vezes com cacos de vidro.
Eu adivinho.
As coisas ficam
da maneira como as deixamos,
ficam? e se não ficam... vãos?
As prateleiras podem cair
e os livros ficarem todos no chão
caoticamente predestinados.
As prateleiras caíram. Talvez
quando descíamos o terceiro andar ou
no derradeiro minuto antes de voltarmos.
Não importa, caíram
e os livros lá
todos no chão
pesa mais Machado a
Dostoievski? Quintana flutuou?
Drummond como uma pedra e um meio,
um descaminho...
É como um dado rolando
aleatório
mas dado,
a gente adivinha e se surpreende.
Como se o que é dado
não fosse dado e se inventasse
sem destino, mas destinado
a rolar e ser acaso - pressuposto e novo -
determinismo e Liberdade. Escolher
o que se é e Duvidar.
Não adianta arrumar tanto assim o quarto,
uma noite dessas a estante desaba e
deixa os livros
todos no chão.
A Galinha
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Vital
on terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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A galinha se perdeu
no ciscar desvairado
nas conversas estridentes,
Dentro de seu infinito cercado,
mais cercado o infinito.
A galinha morreu sem ciscar
a soleira da casa,
sem desejar o mar. Galinha é
um bicho do Continente,
A praia talvez não fosse
tão farta quanto a pedra dura. O coração
da galinha,
Pulsa direto no olho de ave,
que não revela mais que o seu vôo
desajeitado, que não revela mais
que o seu desespero sem Fundamento. Sua inquietude
inexistencial é cumprir.
A galinha tem mais medo da morte do que eu,
sem a certeza que não muda o nosso Destino comum.
Galos de briga
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Vital
on segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
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Galos de briga
Altivez despedaçada
tristeza impropósita
rubro escoar por entre penas
consumido pela fúria
dos flagelados.
Olho vazio
Guerreiro sem pátria
exilado!
Caminha impassivo
sem êxito nem hesitar
Diante da morte
Loucomovente
diante do quando,
Afasta de si o seu último canto
rouco
rasgado
resignado.
Aurora desavisada.
Crepúsculo
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Vital
on domingo, 6 de dezembro de 2009
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Tantas memórias o espírito
espíritos memoráveis
presenças, eu atravessado.
Reconhecer isso
me sabe o crepúsculo das seis,
a conversa dos pingos pingados,
Transpiração vegetal.
Os óculos ficaram esquecidos
na puberdade dos pensamentos. Como
se eu tivesse corrigido meus olhos
de dentro pra fora.
Compreender não leva ao nada
e isso funde, confunde.
As sensações contam vidas,
lembranças do fogo
vento no choro, nas pedras,
ser descalço. Melodia nas
águas.
Saber é sentir
.
espíritos memoráveis
presenças, eu atravessado.
Reconhecer isso
me sabe o crepúsculo das seis,
a conversa dos pingos pingados,
Transpiração vegetal.
Os óculos ficaram esquecidos
na puberdade dos pensamentos. Como
se eu tivesse corrigido meus olhos
de dentro pra fora.
Compreender não leva ao nada
e isso funde, confunde.
As sensações contam vidas,
lembranças do fogo
vento no choro, nas pedras,
ser descalço. Melodia nas
águas.
Saber é sentir
.
sininho
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Vital
on sábado, 5 de dezembro de 2009
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Esperar a tristeza
é senti-la
aproximando-se lentamente, ouvindo seus passos
ruidosos. Como houvesse um momento exato
pra essa tristeza desaguar-se
Da sua própria espera
e começar um'outra renovada espera
de que passe e um dia
Vire uma fotografia desbotada quem sabe.
Um alento lento
dentro da tua lágrima salgada.
Não se despedaçe.
É preciso sabedoria
pra sentir-se triste, sentir-se solidão.
Eu parei minha vida
pra pensar nisso,
pra sentir tua carência de abraço
Que não acaba com abraço.
Eu fiquei um pouco triste
e não descobri nenhum verso
nem uma palavra
que valesse à pena.
Só a pena de sentir
e não saber dizer, como se meu acolhimento
fosse entender sua tristeza
sem palavras... em silêncio.
A gente não pode medir a vida.
Não saber é um distanciamento pra menos.
é senti-la
aproximando-se lentamente, ouvindo seus passos
ruidosos. Como houvesse um momento exato
pra essa tristeza desaguar-se
Da sua própria espera
e começar um'outra renovada espera
de que passe e um dia
Vire uma fotografia desbotada quem sabe.
Um alento lento
dentro da tua lágrima salgada.
Não se despedaçe.
É preciso sabedoria
pra sentir-se triste, sentir-se solidão.
Eu parei minha vida
pra pensar nisso,
pra sentir tua carência de abraço
Que não acaba com abraço.
Eu fiquei um pouco triste
e não descobri nenhum verso
nem uma palavra
que valesse à pena.
Só a pena de sentir
e não saber dizer, como se meu acolhimento
fosse entender sua tristeza
sem palavras... em silêncio.
A gente não pode medir a vida.
Não saber é um distanciamento pra menos.
des-essência
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Vital
on quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
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Escrever só por escrever
soava como transar só por transar.
Parecia nadijetividade, rotina.
Mesmo assim eu escrevi
e não odiei a minha rotina.
soava como transar só por transar.
Parecia nadijetividade, rotina.
Mesmo assim eu escrevi
e não odiei a minha rotina.
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Vital
on quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
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Era um dia feliz na vida.
Ela cantava baixinho por baixo de um sorriso incontido
enquanto o elevador descia.
No sexto andar entrou um senhorzinho de boina xadrez:
- Boa tarde moça!
- Ótima e um lindo sol detrás da chuva fresca.
- Ah o tempo... o tempo é sempre bom.
- Falar do tempo assim como clima é um pouco simplista... não?
- Falo do tempo sem temporalidade, o tempo das cozinheiras, o tempo dos pedreiros e dos feirantes, o tempo dos meninos. O outro tempo eu não falo, é ele quem fala, por si só, no meu rosto, nas minhas mãos e no esquecimento.
Ela cantava baixinho por baixo de um sorriso incontido
enquanto o elevador descia.
No sexto andar entrou um senhorzinho de boina xadrez:
- Boa tarde moça!
- Ótima e um lindo sol detrás da chuva fresca.
- Ah o tempo... o tempo é sempre bom.
- Falar do tempo assim como clima é um pouco simplista... não?
- Falo do tempo sem temporalidade, o tempo das cozinheiras, o tempo dos pedreiros e dos feirantes, o tempo dos meninos. O outro tempo eu não falo, é ele quem fala, por si só, no meu rosto, nas minhas mãos e no esquecimento.
O que você não quis ouvir eu te escrevo
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Vital
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É desse jeito mesmo. Não adianta negar.
Só aceite, sem lamúrias ou maldições.
A minha liberdade não termina onde começa a do outro,
ela atravessa o outro enquanto sou atravessado pelos outros,
constantemente.
Vale pra todos, não só eu ou você ou eu e você.
Liberdade é um ideal de uma sensação que a gente sabe
sem experimentar na plenitude.
Liberdade mora lá no horizonte da consciência.
Não se engane, não houve um tempo em que era melhor
nem pior. Houve o movimento, ouve o movimento?
É o mundo... rodando sem por que.
Quem inventou esse papo de normal também
não chegou a se conhecer a fundo.
Eu não sei concordar com a idéia de que
estar normal seja melhor do que estar anormal.
Nem pior. São estares, apenas.
Nem é questão de filosofia ou academicismo.
É antes uma visão humanistica sobre o próprio homem.
Mas parece que a gente tá sempre falando do capeta.
É, eu concordo mesmo com o joão bosco...
a raiva e a fome é coisa dos home!
Só aceite, sem lamúrias ou maldições.
A minha liberdade não termina onde começa a do outro,
ela atravessa o outro enquanto sou atravessado pelos outros,
constantemente.
Vale pra todos, não só eu ou você ou eu e você.
Liberdade é um ideal de uma sensação que a gente sabe
sem experimentar na plenitude.
Liberdade mora lá no horizonte da consciência.
Não se engane, não houve um tempo em que era melhor
nem pior. Houve o movimento, ouve o movimento?
É o mundo... rodando sem por que.
Quem inventou esse papo de normal também
não chegou a se conhecer a fundo.
Eu não sei concordar com a idéia de que
estar normal seja melhor do que estar anormal.
Nem pior. São estares, apenas.
Nem é questão de filosofia ou academicismo.
É antes uma visão humanistica sobre o próprio homem.
Mas parece que a gente tá sempre falando do capeta.
É, eu concordo mesmo com o joão bosco...
a raiva e a fome é coisa dos home!
Pensei
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Vital
on domingo, 29 de novembro de 2009
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Li tua poesia de Abril,
contemplei absorto tua Auto-foto-grafia espelhada.
Pensei nas minhas mãos,
pensei no barro.
Pensei nas tais flores de abril,
pensei em como é o cheiro das Gardênias.
Não soube como era tua voz
mas esqueço que rimava.
Lembrei de como os peixes não temem a morte
mas parecem sempre aflitos.
Quis falar o teu nome.
contemplei absorto tua Auto-foto-grafia espelhada.
Pensei nas minhas mãos,
pensei no barro.
Pensei nas tais flores de abril,
pensei em como é o cheiro das Gardênias.
Não soube como era tua voz
mas esqueço que rimava.
Lembrei de como os peixes não temem a morte
mas parecem sempre aflitos.
Quis falar o teu nome.
desinvenção
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Vital
on sábado, 28 de novembro de 2009
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Não sei pra quê tantos sinais,
ninguém nunca sabe pra onde tá indo mesmo...
faixas duplas, pontilhadas, de pedestres...
faixas de fachada!
Verde, amarelo e depois o vermelho.
Uma cor pra lhe dizer quando parar
quando seguir
um caminho pra se seguir.
O absurdo de não poder inventar
o seu próprio caminho, inteiramente novo,
o nome das ruas
o nome das coisas.
Mas eu cheguei
e já tinham feito tudo, nomeado tudo,
sinalizado tudo, sabido tudo!
Foi então que eu começei
a construir buracos.
ninguém nunca sabe pra onde tá indo mesmo...
faixas duplas, pontilhadas, de pedestres...
faixas de fachada!
Verde, amarelo e depois o vermelho.
Uma cor pra lhe dizer quando parar
quando seguir
um caminho pra se seguir.
O absurdo de não poder inventar
o seu próprio caminho, inteiramente novo,
o nome das ruas
o nome das coisas.
Mas eu cheguei
e já tinham feito tudo, nomeado tudo,
sinalizado tudo, sabido tudo!
Foi então que eu começei
a construir buracos.
Épico
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Vital
on quarta-feira, 25 de novembro de 2009
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Era como se não houvesse sábado
nem estações de chumbo ou bálsamo,
e a dor? um simples hábito
sem refutação, sem negar, halor e o hálito.
Era como se fosse uma era mágica
dessas que a gente lê nos livros épicos
com aventura, espada, amor e o trágico!
E eu menino fingia-me em silêncio o príncipe
encantado, à cavalo, destemido, cálido.
Era como se fosse a saga no quintal sem trégua!
Desvario andante e léguas e léguas e léguas de lágrimas
eu lunático, desencontrado andava, febril em cólera
buscando um motivo só que nem chegasse à ótica
Dos parapeitos desmoronados no meu medo trépano
de que o vil tirano em sua armadilha suja me furasse o crânio
Me fizesse torpe, me sugasse o sangue e o meu lábio lívido,
denunciasse a morte e ela intrépida entre a sorte e o ópio:
mais um final, de mais uma batalha e nenhuma lógica.
Era como na lembrança eu derramasse o cálice
e no desamor da realidade me fizesse bêbado
por não querer distância e recusar os títulos
Que eu aprendi na estória o silêncio é sábio
e não desejei senão a fantasia da tua mão sólida.
nem estações de chumbo ou bálsamo,
e a dor? um simples hábito
sem refutação, sem negar, halor e o hálito.
Era como se fosse uma era mágica
dessas que a gente lê nos livros épicos
com aventura, espada, amor e o trágico!
E eu menino fingia-me em silêncio o príncipe
encantado, à cavalo, destemido, cálido.
Era como se fosse a saga no quintal sem trégua!
Desvario andante e léguas e léguas e léguas de lágrimas
eu lunático, desencontrado andava, febril em cólera
buscando um motivo só que nem chegasse à ótica
Dos parapeitos desmoronados no meu medo trépano
de que o vil tirano em sua armadilha suja me furasse o crânio
Me fizesse torpe, me sugasse o sangue e o meu lábio lívido,
denunciasse a morte e ela intrépida entre a sorte e o ópio:
mais um final, de mais uma batalha e nenhuma lógica.
Era como na lembrança eu derramasse o cálice
e no desamor da realidade me fizesse bêbado
por não querer distância e recusar os títulos
Que eu aprendi na estória o silêncio é sábio
e não desejei senão a fantasia da tua mão sólida.
sobre todas as coisas e uma só
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Vital
on segunda-feira, 23 de novembro de 2009
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Vinícius falou que o ciúme é o perfume do amor,
o Chico concordou, o Pedro pedreiro, coitado, nem notou,
não teve tempo de sentir ciúmes da sua preta,
esperou o trem esperou, mas o seu rebento foi quem chegou
e esse desalento
e o mal pagamento. O que ficou. Ficou um sonho de norte, um desejo de boa sorte.
Um desejo por desejar, um ciúme de não amar... nem odiar.
A gente fica mesmo entregue à própria sorte, que nem sempre é boa.
Ou má. Só acaso. Singular. Poeta amante, não há que se negar.
Ciúme é mesmo um per-fumar, mas em dose grande é de se embriagar
e na saudade o alcool arde, apesar de seu bem cheirar, na distância:
saudade arde arde arde... Como sal! como saudarde! porém sem nunca matar,
salvo de amor
que assim todo dia eu morro só por te gostar.
Meu ciúme é fragrância em pequenos frascos partidos,
derrAmados pelo caminho que você deixou enquanto olhava
As vitrines te vendo passar, nas galerias do teu corpo
perfumado por esse meu em cio mar.
o Chico concordou, o Pedro pedreiro, coitado, nem notou,
não teve tempo de sentir ciúmes da sua preta,
esperou o trem esperou, mas o seu rebento foi quem chegou
e esse desalento
e o mal pagamento. O que ficou. Ficou um sonho de norte, um desejo de boa sorte.
Um desejo por desejar, um ciúme de não amar... nem odiar.
A gente fica mesmo entregue à própria sorte, que nem sempre é boa.
Ou má. Só acaso. Singular. Poeta amante, não há que se negar.
Ciúme é mesmo um per-fumar, mas em dose grande é de se embriagar
e na saudade o alcool arde, apesar de seu bem cheirar, na distância:
saudade arde arde arde... Como sal! como saudarde! porém sem nunca matar,
salvo de amor
que assim todo dia eu morro só por te gostar.
Meu ciúme é fragrância em pequenos frascos partidos,
derrAmados pelo caminho que você deixou enquanto olhava
As vitrines te vendo passar, nas galerias do teu corpo
perfumado por esse meu em cio mar.
momento
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Vital
on domingo, 22 de novembro de 2009
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uma desnecessidade passa[li]geira.
Soneto de Retalhos (para minha Mãe)
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Vital
on sexta-feira, 20 de novembro de 2009
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Primeiro pensa colorido
depois agulha, linha... inspiração!
Paz na sala em meio ao alarido
silêncio sorriso sensação.
Passarinhos, girassóis, identidade nossa.
Miúdo miudinho, minas, mãe, menina
brincando de infância na roça
com arte simples pura da mais fina.
Costura no teu dom...
a poesia sem palavra,
tece criadora o não som
O retalho que buscava
e se encontra com
A rima autêntica e cava.
depois agulha, linha... inspiração!
Paz na sala em meio ao alarido
silêncio sorriso sensação.
Passarinhos, girassóis, identidade nossa.
Miúdo miudinho, minas, mãe, menina
brincando de infância na roça
com arte simples pura da mais fina.
Costura no teu dom...
a poesia sem palavra,
tece criadora o não som
O retalho que buscava
e se encontra com
A rima autêntica e cava.
declaração
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Vital
on quarta-feira, 18 de novembro de 2009
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Eu te amo,
eu te quero,
eu te acordo
Te deito e te como
te anoiteço
te penso te penso te penso
Eu te sonho,
te viro te avesso
te acordo
Te espero te espero
te espero...
eu te saudade
eu te quero,
eu te acordo
Te deito e te como
te anoiteço
te penso te penso te penso
Eu te sonho,
te viro te avesso
te acordo
Te espero te espero
te espero...
eu te saudade
Desconcertado
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Vital
on terça-feira, 17 de novembro de 2009
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O telefone só toca
de repente.
e você só liga de repente,
fico desconcertado.
Desconcertado? É! desconcertado!...
Como se o amor fosse um defeito de fabricação
e o concerto a solidão,
o de repente dela:
Sabe a surpresa
da minha excitação,
e a língua não consegue
as palavras em profusão!
Voz macia de menina morena que você tem,
e eu adoro esse des-concerto.
de repente.
e você só liga de repente,
fico desconcertado.
Desconcertado? É! desconcertado!...
Como se o amor fosse um defeito de fabricação
e o concerto a solidão,
o de repente dela:
Sabe a surpresa
da minha excitação,
e a língua não consegue
as palavras em profusão!
Voz macia de menina morena que você tem,
e eu adoro esse des-concerto.
na veia
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Vital
on sábado, 14 de novembro de 2009
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Quando ela me perguntou sobre o amor
eu respondi sem pensar:
- não sei dizer em palavras o amor menina...
só sei que a gente tá sempre sangrando,
ainda que sem cortes no pé
ou ralado no joelho.
O sangue tá sempre sangrando
ainda que pra dentro,
na veia.
eu respondi sem pensar:
- não sei dizer em palavras o amor menina...
só sei que a gente tá sempre sangrando,
ainda que sem cortes no pé
ou ralado no joelho.
O sangue tá sempre sangrando
ainda que pra dentro,
na veia.
sobre a arte(desenhando com palavras)
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Vital
on sexta-feira, 13 de novembro de 2009
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o poeta faz desenhos com as palavras,
as crianças fabricam brinquedos de palavras
as pedras silenciam palavras.
E os pintores poetizam
seus pincéis em telas coloridas da mesma inspiração
que faz nascer toda arte!
toda escultura...
a arte está no olhar de quem sente
poesia
no absurdo.
as crianças fabricam brinquedos de palavras
as pedras silenciam palavras.
E os pintores poetizam
seus pincéis em telas coloridas da mesma inspiração
que faz nascer toda arte!
toda escultura...
a arte está no olhar de quem sente
poesia
no absurdo.
Poetar
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Vital
on quarta-feira, 11 de novembro de 2009
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Escrevo, mas nunca tudo.
apago o não e os nadas que me sobram.
Escrevo porque em mim não cabe
nem tem tamanho algum visto de fora adentro.
Gosto de pensar que a poesia que se amadurece em mim
é como uma tela que componho de todas as paisagens
que não vi com olho aberto, nem
Fechado.
Traduzo nas palavras que me brotam
o canto do mundo inteiro,
visto de um cantinho,
Cantinho mineiro
que me abre e me encerra em tudo aquilo que ainda não cheguei a ser.
Poetar é descobrir a linguagem pura dos homens-sonhos
que cabe fora de tudo que é dentro.
apago o não e os nadas que me sobram.
Escrevo porque em mim não cabe
nem tem tamanho algum visto de fora adentro.
Gosto de pensar que a poesia que se amadurece em mim
é como uma tela que componho de todas as paisagens
que não vi com olho aberto, nem
Fechado.
Traduzo nas palavras que me brotam
o canto do mundo inteiro,
visto de um cantinho,
Cantinho mineiro
que me abre e me encerra em tudo aquilo que ainda não cheguei a ser.
Poetar é descobrir a linguagem pura dos homens-sonhos
que cabe fora de tudo que é dentro.
SENTIDO
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Vital
on domingo, 8 de novembro de 2009
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sentido direção?
Cinco sentidos provisórios
e o sexto
E o sexo senm-tido,
o não tido.
Tudo na vida
que sen-te
sem ti.
Sentido na pele
na língua
nas mãos sentido
Meu presente é sem tido
con-sentido, sem sentido...
abstração e absoluto.
Cinco sentidos provisórios
e o sexto
E o sexo senm-tido,
o não tido.
Tudo na vida
que sen-te
sem ti.
Sentido na pele
na língua
nas mãos sentido
Meu presente é sem tido
con-sentido, sem sentido...
abstração e absoluto.
Me repito
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Vital
on quarta-feira, 4 de novembro de 2009
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Era uma noite quente enluarada
parecia-me infinita
doce ilusão
Enganei-me.
Amanheceu um dia frio nebuloso
pareceu-me que seria infinito
enganei-me novamente
Estava e deixei de estar então
aflito.
As palavras... ah! As palavras...
elas sim são infinitas
e eternas
nas bocas e na escrita,
No esquecimento...
mas e o amor que as confere alma
é acaso eterno ou infinito?
Não sei se ele se repete se repete se repete
ou se sou eu que me repito.
Não quero controlar nada
Por fim o vento espalha
e deixa tudo assim... sem fim
mas é o mesmo estar sem fim que estar-se infinito?
Depois vem o mar e engole o fim sem fim
e o infinito
Engole o engano
a interrogação...
meu pobre grito.
parecia-me infinita
doce ilusão
Enganei-me.
Amanheceu um dia frio nebuloso
pareceu-me que seria infinito
enganei-me novamente
Estava e deixei de estar então
aflito.
As palavras... ah! As palavras...
elas sim são infinitas
e eternas
nas bocas e na escrita,
No esquecimento...
mas e o amor que as confere alma
é acaso eterno ou infinito?
Não sei se ele se repete se repete se repete
ou se sou eu que me repito.
Não quero controlar nada
Por fim o vento espalha
e deixa tudo assim... sem fim
mas é o mesmo estar sem fim que estar-se infinito?
Depois vem o mar e engole o fim sem fim
e o infinito
Engole o engano
a interrogação...
meu pobre grito.
poesia
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Vital
on domingo, 1 de novembro de 2009
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Escapuliu e rolou ladeira abaixo
fez curva, repicou, deu com o muro.
Mas não parou,
há certas coisas - e erradas também - que não param nunca.
Atravessou a feira
atravessou a vila e a viela,
os meninos correram atrás com a alegria estampada
na brincadeira sem motivo de ser.
Foi embora,
da última vez que a vi o olho quase que não alcançava mais
mas ainda assim era como se estivesse
escorrendo dos meus dedos
agora mesmo...
Escapulindo em todas as direções
descendo a ladeira sem fim
brincando de fugir
só pra que eu a tente outra vez,
Preu reunir alguns versos e chamar de
poesia.
fez curva, repicou, deu com o muro.
Mas não parou,
há certas coisas - e erradas também - que não param nunca.
Atravessou a feira
atravessou a vila e a viela,
os meninos correram atrás com a alegria estampada
na brincadeira sem motivo de ser.
Foi embora,
da última vez que a vi o olho quase que não alcançava mais
mas ainda assim era como se estivesse
escorrendo dos meus dedos
agora mesmo...
Escapulindo em todas as direções
descendo a ladeira sem fim
brincando de fugir
só pra que eu a tente outra vez,
Preu reunir alguns versos e chamar de
poesia.
nosso filosófico É-Terno amor
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Vital
on quinta-feira, 29 de outubro de 2009
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- Em festa de gala menino se usa é terno! É terno e gravata no pescoço!
- Mas eu num guento sô! Me sufoca as idéias.
- No mundo dos adultos o teatro cotidiano é coisa séria e a fantasia não pode faltar jamé!
- Adulto lá sabe fantasiar? Devagar com o andor... também num vamo confundir teatro com novela.
- Depois de muitos anos o espetáculo do teatro ou é o dos vampiros, ou o das baratas. E depois também com o tempo, o teatro assim como a missa foi reduzido ao palco da televisão, e as universidades à aulas tele-presenciais(risos sarcásticos).
- Tá bom que com a gastura dessa gravata me pegando no cangote eu já não tô nem ligando pra nada disso. Que a sensação que eu tenho vestido assim dessa maneira é que parece que esse sufoco vai me ser ETERNO!
- hahahahaha...
- eterno não, PERPÉTUO, que tudo aquilo que é eterno sem ser o terno me esmilinguindo - não sei se por capricho da linguagem -, mas me causa uma sensação do que é terno de ternura, e a eternidade tem lá seus ares ternos ecoando até o não-fim. E o que se perpetua é a minha aflição daqui de dentro das amarras sociais que se fazem até no pano o qual eu bicho burro que sou me prendo por escolha própria.
- Deixa de resmungo menino! Cê tá lindo assim, e vamo embora que a aflição perpétua é terno te pinicando e se acaba logo assim que eu tirar tua roupa e te mostrar o que é-terno em você, em mim, em nós, meu terno é-terno amor!
- Mas eu num guento sô! Me sufoca as idéias.
- No mundo dos adultos o teatro cotidiano é coisa séria e a fantasia não pode faltar jamé!
- Adulto lá sabe fantasiar? Devagar com o andor... também num vamo confundir teatro com novela.
- Depois de muitos anos o espetáculo do teatro ou é o dos vampiros, ou o das baratas. E depois também com o tempo, o teatro assim como a missa foi reduzido ao palco da televisão, e as universidades à aulas tele-presenciais(risos sarcásticos).
- Tá bom que com a gastura dessa gravata me pegando no cangote eu já não tô nem ligando pra nada disso. Que a sensação que eu tenho vestido assim dessa maneira é que parece que esse sufoco vai me ser ETERNO!
- hahahahaha...
- eterno não, PERPÉTUO, que tudo aquilo que é eterno sem ser o terno me esmilinguindo - não sei se por capricho da linguagem -, mas me causa uma sensação do que é terno de ternura, e a eternidade tem lá seus ares ternos ecoando até o não-fim. E o que se perpetua é a minha aflição daqui de dentro das amarras sociais que se fazem até no pano o qual eu bicho burro que sou me prendo por escolha própria.
- Deixa de resmungo menino! Cê tá lindo assim, e vamo embora que a aflição perpétua é terno te pinicando e se acaba logo assim que eu tirar tua roupa e te mostrar o que é-terno em você, em mim, em nós, meu terno é-terno amor!
semclusão
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on segunda-feira, 26 de outubro de 2009
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a conclusão, tudo isso que é sem nunca chegar a ser.
a conclusão, aquilo que não se conclui.
a única conclusão: é que não há
c
o
n
c
l
u
s
ã
o
a conclusão, aquilo que não se conclui.
a única conclusão: é que não há
c
o
n
c
l
u
s
ã
o
para Manoel de Barros
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Vital
on quinta-feira, 22 de outubro de 2009
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a poesia me completa
porque não me pede qualquer
genialidade.
Por isso faço versos sobre coisas desúteis,
como canções esquecidas e besouros virados com as asas pro chão.
Procuro palavras infantilizadas...
infantinventadas!
Procuro meus olhos de menino
no quintal da memória.
porque não me pede qualquer
genialidade.
Por isso faço versos sobre coisas desúteis,
como canções esquecidas e besouros virados com as asas pro chão.
Procuro palavras infantilizadas...
infantinventadas!
Procuro meus olhos de menino
no quintal da memória.
caso sério
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on segunda-feira, 19 de outubro de 2009
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se eu soubesse que a aparência de ser
nunca significa de fato o que está e finge que é
Ai! que eu nunca criava esse caso todo,
mas já cantava o toquinho que esse caso é um caso sério
e se eu soubesse que tentar saber do "se"
não é nunca saber da vida ou saber de si,
eu nem olhava pra trás pro parece ou talvez!
Aí outro dia eu resolvi inventar pra mim
que SE eu não sei de nada, nada me arrebata... ou TUDO
Mas eu continuei na suposição e NADA se resolveu...
ou TUDO!
nunca significa de fato o que está e finge que é
Ai! que eu nunca criava esse caso todo,
mas já cantava o toquinho que esse caso é um caso sério
e se eu soubesse que tentar saber do "se"
não é nunca saber da vida ou saber de si,
eu nem olhava pra trás pro parece ou talvez!
Aí outro dia eu resolvi inventar pra mim
que SE eu não sei de nada, nada me arrebata... ou TUDO
Mas eu continuei na suposição e NADA se resolveu...
ou TUDO!
nem sombra nem luz nem discussão
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on sexta-feira, 16 de outubro de 2009
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Mesmo que te cubras de pranto
Teu pranto nunca cobre teu sal
És sal, e cobre, e tanto.
E no entanto, salivas fatal!
Te afastas teu próprio foi-se
Como ceifa a morte, a raiz!
Faças, porém, com tua foice
Como a calçada fez com teu giz.
Te encerras naquilo que és
Mas não te dê por satisfeito.
Vê te escoar, pois, pelos pés
Nada de ti, senão teu defeito.
Que restes sem te dar conta
Entre os que nunca te esquecem
Mas aos distantes que em si te merecem
Concedas a ponta daquilo que destes.
Belíssimo poema do meu grande camarada Natan.
Teu pranto nunca cobre teu sal
És sal, e cobre, e tanto.
E no entanto, salivas fatal!
Te afastas teu próprio foi-se
Como ceifa a morte, a raiz!
Faças, porém, com tua foice
Como a calçada fez com teu giz.
Te encerras naquilo que és
Mas não te dê por satisfeito.
Vê te escoar, pois, pelos pés
Nada de ti, senão teu defeito.
Que restes sem te dar conta
Entre os que nunca te esquecem
Mas aos distantes que em si te merecem
Concedas a ponta daquilo que destes.
Belíssimo poema do meu grande camarada Natan.
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on terça-feira, 13 de outubro de 2009
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a vida
e s c a p a . . .
à Razão.
e s c a p a . . .
à Razão.
seis da tarde(hora pequena)
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on sábado, 10 de outubro de 2009
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Seis horas da tarde:
Café novela oração
A fé a vela e a televisão
O pão divinizado pelo homem mais verdadeiro e que nunca foi Cristão.
A verdade não se encerra a si mesma numa mera definição,
nem há tempo ou espaço existente
entre um homem e ele mesmo
pra que ele seja seu próprio seguidor.
Pão, café, televisão, vela
fogo e transformação, seis da tarde no Brasil
laico por constituição,
É hora da ave maria no rádio
e do "santo" conceito inquestionável da televisão
Roma é passado ou
misturou-se tudo isso e fez-se em ressurreição, não a do cristo
que nunca chegou a ser cristão,
Mas a da ilusão de uma barriga tapeada com migalhas de pão
e de uma vida preenchida e vivida através da televisão.
Jesus é um nome como outro qualquer.
Crucificado morto martirizado e idolatrado
pelos mesmos algozes
porque quis instaurar no homem
a sua própria revolução.
O Brasil não é laico
nem uma nova Roma pagã,
e o crucifixo não significa nunca
qualquer devoção.
Seis da tarde:
Fé café pão ave maria televisão
e os mesmos julgamentos que não cansam nunca de serem,
e serem em vão.
Resposta
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on segunda-feira, 5 de outubro de 2009
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Em mim não há pressa
ou
vagar,
O tempo não foge ao meu
hoje.
ou
vagar,
O tempo não foge ao meu
hoje.
Eu não sei
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on sexta-feira, 2 de outubro de 2009
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Tu me quer
sem que eu te queira,
Quer meu querer
sem essa dor que o querer traz n'algibeira.
Não sei te amar
não sei te querer
te esqueço nos versos
Nem me importo se tu vai ler.
O amor não é uma bolsa de valores
ele é a própria essência de todos os valores,
eu não sei amar sem esperar
Nem sei o não-amor da não-espera.
sem que eu te queira,
Quer meu querer
sem essa dor que o querer traz n'algibeira.
Não sei te amar
não sei te querer
te esqueço nos versos
Nem me importo se tu vai ler.
O amor não é uma bolsa de valores
ele é a própria essência de todos os valores,
eu não sei amar sem esperar
Nem sei o não-amor da não-espera.
Caminho casa andante (vidamor)
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on terça-feira, 29 de setembro de 2009
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A vida eu comparo
com um caminho
que às vezes é trilha, em trechos ela é , sendo apagada,
às vezes asfalto, noutras tantas
a parada.
O grande amor
é uma casa misteriosa e bela
cheia de quarto, porta e janela,
casa
que se dá no caminho só ao caminhante que sem pressa
caminha.
Mas encontrar essa casa aconchegante no caminho
não significa nunca deixar de caminhar,
porque essa casa é, não no sentido enraizado da palavra,
fixa, é casa pelo que abrange teu próprio Estar,
pelo chão limpo que eu piso de pés descalços
sem medo de me machucar,
pelo meu beijo sem teto que só assim encontra
o céu estrelado de dentes da tua boca.
E o fogo do teu olhar que acende em si
a fogueira que me aquece na minha mais pura nudez,
teu riso sonoro aberto
qual janela escancarada e cantante.
Meu grande amor
meu lar destelhado, desparedado, sem clausuras,
com esse cheiro de sol
esse gosto de liberdade nua...
Meu grande amor
minha casa-andante,
onde se encontra
teu presente instante?
com um caminho
que às vezes é trilha, em trechos ela é , sendo apagada,
às vezes asfalto, noutras tantas
a parada.
O grande amor
é uma casa misteriosa e bela
cheia de quarto, porta e janela,
casa
que se dá no caminho só ao caminhante que sem pressa
caminha.
Mas encontrar essa casa aconchegante no caminho
não significa nunca deixar de caminhar,
porque essa casa é, não no sentido enraizado da palavra,
fixa, é casa pelo que abrange teu próprio Estar,
pelo chão limpo que eu piso de pés descalços
sem medo de me machucar,
pelo meu beijo sem teto que só assim encontra
o céu estrelado de dentes da tua boca.
E o fogo do teu olhar que acende em si
a fogueira que me aquece na minha mais pura nudez,
teu riso sonoro aberto
qual janela escancarada e cantante.
Meu grande amor
meu lar destelhado, desparedado, sem clausuras,
com esse cheiro de sol
esse gosto de liberdade nua...
Meu grande amor
minha casa-andante,
onde se encontra
teu presente instante?
ao que vai nascer
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on sábado, 26 de setembro de 2009
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Calem-se todos os olhares
cessem teus tortos pedidos
cubram de silêncios
o grande vazio que servirá de berço
ao que vai nascer
cessem teus tortos pedidos
cubram de silêncios
o grande vazio que servirá de berço
ao que vai nascer
Carta para Sartre
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on quinta-feira, 24 de setembro de 2009
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O próprio homem aprisiona o homem.
Não é a inescapável liberdade a que estamos fadados
uma corrente pesada que carregamos na consciência, consciência que não é tão simplificadamente
apenas consciência, é antes uma consciência sentimental.
Não. A liberdade supera a incapacidade humana de ser livre.
Ela escapa à tentativa de direcioná-la prum caminho prévia e conscientemente
engendrado, ainda que se trate dessa tal consciência sentimental a que me refiro.
E o homem, se angustia duplamente, por não conseguir
comportar Em-si a infinitude das possibilidades,
nem organizar suas intenções flutuantes.
Seria então, a suprema e inefável liberdade humana que é capaz
de todas as direções e vontades existentes - criadas - entre o espaço de si Para-si mesmo
um grilhão ou a chave mestra de todo vir a ser?
Resta ao homem não se paralizar pelos medos
nem repudiar a angústia, que é uma certa forma de estar no homem,
não necessariamente negativo, é impulso motivador.
Você diz na Origem do Nada: "...fujo para ignorar, mas não posso
ignorar que fujo."
Que o movimento desencadeado pela angústia do nada
não se reduza a um perambular afoito e arredio, fugitivo.
Porque você mesmo diz que a liberdade não se fundamenta
em valores, desse jeito ela se limitaria e se prenderia, e perderia
o próprio fenômeno nome-estado indissociável: Liberdade.
Não é a inescapável liberdade a que estamos fadados
uma corrente pesada que carregamos na consciência, consciência que não é tão simplificadamente
apenas consciência, é antes uma consciência sentimental.
Não. A liberdade supera a incapacidade humana de ser livre.
Ela escapa à tentativa de direcioná-la prum caminho prévia e conscientemente
engendrado, ainda que se trate dessa tal consciência sentimental a que me refiro.
E o homem, se angustia duplamente, por não conseguir
comportar Em-si a infinitude das possibilidades,
nem organizar suas intenções flutuantes.
Seria então, a suprema e inefável liberdade humana que é capaz
de todas as direções e vontades existentes - criadas - entre o espaço de si Para-si mesmo
um grilhão ou a chave mestra de todo vir a ser?
Resta ao homem não se paralizar pelos medos
nem repudiar a angústia, que é uma certa forma de estar no homem,
não necessariamente negativo, é impulso motivador.
Você diz na Origem do Nada: "...fujo para ignorar, mas não posso
ignorar que fujo."
Que o movimento desencadeado pela angústia do nada
não se reduza a um perambular afoito e arredio, fugitivo.
Porque você mesmo diz que a liberdade não se fundamenta
em valores, desse jeito ela se limitaria e se prenderia, e perderia
o próprio fenômeno nome-estado indissociável: Liberdade.
passarinho
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on terça-feira, 22 de setembro de 2009
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passarinho azul turquesa
da cabeça amarela como a camisa da seleção
e o papo pretinho pretinho
emitindo um canto bonito feito terça-feira nublada
feito a revoada solitária do passarinho azul turquesa
da mesma cor e do mesmo tom que o céu que não está
na qualquer-feira nublada, na re-pousada
solitária do passarinho da cabeça amarelada,
Amarela amarelada feito o sol que a terça-qualquer e nublada
esconde acima do tudo, que ao mesmo tempo
que é tudo é tudo e é nada.
passarinho azul turquesa voou
e a terça-feira nublada foi o que ficou.
da cabeça amarela como a camisa da seleção
e o papo pretinho pretinho
emitindo um canto bonito feito terça-feira nublada
feito a revoada solitária do passarinho azul turquesa
da mesma cor e do mesmo tom que o céu que não está
na qualquer-feira nublada, na re-pousada
solitária do passarinho da cabeça amarelada,
Amarela amarelada feito o sol que a terça-qualquer e nublada
esconde acima do tudo, que ao mesmo tempo
que é tudo é tudo e é nada.
passarinho azul turquesa voou
e a terça-feira nublada foi o que ficou.
sem fantasia
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on domingo, 20 de setembro de 2009
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Não vivas tão só de fantasias,
sonhar é bom, tão bom
que às vezes nos damos por satisfeitos em só sonhar...
E estes sonhos se tornam tão profundos em nossos corações
tão enraizados
Que já não temos mais coragem de trazê-los à tona de nossas vidas,
revivá-los em intenção.
Guardamos para eles apenas alguns minutos de contemplação diária...
Mantendo-os num estado de coma.
sonhar é bom, tão bom
que às vezes nos damos por satisfeitos em só sonhar...
E estes sonhos se tornam tão profundos em nossos corações
tão enraizados
Que já não temos mais coragem de trazê-los à tona de nossas vidas,
revivá-los em intenção.
Guardamos para eles apenas alguns minutos de contemplação diária...
Mantendo-os num estado de coma.
recado
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on sexta-feira, 18 de setembro de 2009
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Poesia pra quê?... Se a vida pulsa
mesmo sem saber,
sem querer.
Andei andei andei,
de mãos dadas
por vezes
mas o caminho de volta é sempre sempre
solitário
mania de ir-se embora de mim!
Deixa um verso solto
num lugar pelo qual você passou
pra que eu possa colher
um sinal teu é...
sempre bem-vindo.
mesmo sem saber,
sem querer.
Andei andei andei,
de mãos dadas
por vezes
mas o caminho de volta é sempre sempre
solitário
mania de ir-se embora de mim!
Deixa um verso solto
num lugar pelo qual você passou
pra que eu possa colher
um sinal teu é...
sempre bem-vindo.
bicho homem
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on terça-feira, 15 de setembro de 2009
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" Diz Petrónio que fora o medo que inventara as divindades. Deus é o que é. O homem é o pequeníssimo bicho da Terra, de que fala o Camões. Entre Deus e o homem, só a soberba estúpida do homem podia inventar convenções, concordatas, obrigações e alianças. O sagui é muito menos estúpido e mais modesto. Come, bebe, dá cabriolas, faz caretas ao mau tempo, coça-se ao sol, retouça-se à sombra, vive, e acaba feliz, porque se não receia de vir a ser homem. A estolidez do homem! Diz ele empapado de vaidade tola: 'Deus tem os olhos em mim!' Que importância! Deus tem os olhos nele! Se assim fosse, havia de ver bonitas coisas o criador do homem que mata seu irmão!
Os olhos nele, para quê? Para envergonhar-se a cada hora da sua obra!... É a blasfêmia em todo o seu asco! Rebalsa-te em sangue, miserável vampiro! Emperla os teus cabelos, meretriz, que deixas morrer tua mãe de fome! Mãe infame, come aí em toalhas de Flandres o preço da desonra de tua filha! Ostentai-vos, vermes, aos olhos de Deus, que estão pasmados em vós!..."
trecho do livro Coração, Cabeça e Estômago de Camilo Castelo Branco
Essa é a realidade humana e tudo quanto somos capazes. Nem só de belezas faz-se a vida e o poeta também é vil na sua estreita e torta vida que fica almejando um mundo infinito pela fresta de sentimentos confusos e indecisos, como se só a intesidade fosse plenamente verdadeira e consciente nisso tudo.
Os olhos nele, para quê? Para envergonhar-se a cada hora da sua obra!... É a blasfêmia em todo o seu asco! Rebalsa-te em sangue, miserável vampiro! Emperla os teus cabelos, meretriz, que deixas morrer tua mãe de fome! Mãe infame, come aí em toalhas de Flandres o preço da desonra de tua filha! Ostentai-vos, vermes, aos olhos de Deus, que estão pasmados em vós!..."
trecho do livro Coração, Cabeça e Estômago de Camilo Castelo Branco
Essa é a realidade humana e tudo quanto somos capazes. Nem só de belezas faz-se a vida e o poeta também é vil na sua estreita e torta vida que fica almejando um mundo infinito pela fresta de sentimentos confusos e indecisos, como se só a intesidade fosse plenamente verdadeira e consciente nisso tudo.
um dia eu chego lá
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Vital
on segunda-feira, 14 de setembro de 2009
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"Um dia eu chego lá..."
Mas lá onde?
Talvez num outro ponto da vida
em que eu repita essa mesma frase
essa mesma sentença de querer
e nunca chegar.
Um dia eu chego lá
lá na frente num novo lugar
que não passa de ponto de partida
pra um novo lá a se alcançar
e se cansar...
ou
será que a gente nunca cansa de nunca amanhecer
num dia em que simplesmente digamos despreocupadamente:
chegamos!
?
Mas lá onde?
Talvez num outro ponto da vida
em que eu repita essa mesma frase
essa mesma sentença de querer
e nunca chegar.
Um dia eu chego lá
lá na frente num novo lugar
que não passa de ponto de partida
pra um novo lá a se alcançar
e se cansar...
ou
será que a gente nunca cansa de nunca amanhecer
num dia em que simplesmente digamos despreocupadamente:
chegamos!
?
Esquecimento
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on sábado, 12 de setembro de 2009
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O céu se choveu acho que foi por nós.
Pra lavar-nos a alma
De uma forma tal
Que não conseguem
Nossas breves lágrimas de sal
Pra lavar assim a alma
Do jeito que se precisa
De todo mal que há,
O coração avisa
É no recôndito escuro e abissal
Que espera a doce brisa.
Fecha os olhos menina
Esquece que não há fundo
Nem teto,
Esquece das curvas
E tudo que é reto,
Esquece o mundo e tudo que nele habita
Esquece esquece esquece esquece
esquece
e lembra lá no fundo
como quem lembra esquecimentos de outra vida
a minha voz dizendo:
Amor.
Pra lavar-nos a alma
De uma forma tal
Que não conseguem
Nossas breves lágrimas de sal
Pra lavar assim a alma
Do jeito que se precisa
De todo mal que há,
O coração avisa
É no recôndito escuro e abissal
Que espera a doce brisa.
Fecha os olhos menina
Esquece que não há fundo
Nem teto,
Esquece das curvas
E tudo que é reto,
Esquece o mundo e tudo que nele habita
Esquece esquece esquece esquece
esquece
e lembra lá no fundo
como quem lembra esquecimentos de outra vida
a minha voz dizendo:
Amor.
Sopro e sonho
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on quarta-feira, 9 de setembro de 2009
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Vida vida vida
sonho sopro sonho
apaga apaga e sonha
revira, volta, reviravolta e redemoinho
medonho
vida, sonho, sopro e ninho
busca
perda
ganho
sempre sempre sempre só
sozinho
Ante o além Tempo
intangível invisível ininteligível
sem forma, feito sopro, feito sonho soprado
feito a vida freada, contida, deformada qual pé de gueixa, deformada ou
sem forma, feito sopro, feito sonho Inalcançado... feito alcance, feito feito, cansado.
Descansa
da vida vida vida e dos
seus sonhos, sopros e borrachas,
dos ninhos frios abandonados na estação certa de emigrar
além do Tempo, além do lar lugar.
Descansa
das perdas, das pedras, dos
ganhos
beijos
juras
poesias
e pelo lápis sem ponta que é o passado
passado assado exaurido extinguido abandonado Inalcançável
construído na memória, em memória, in memorem!
Tão quebrado quanto o lápis do futuro...
me empresta o apontador?... que o presente
eu queria desenhar no teu caderno,
embaixo da minha poesia mais enluarada
de sonhos
sopro
vida vida
perda e
ganho
busca, busco e sonho
mesmo enquanto descansando
vida
vida vida
sopro vida sonho
nada apaga nada e nada
tudo é perda e/ou
ganho
Mas antes...
vida vida vida,
sonho
sonho sopro sonho
apaga apaga e sonha
revira, volta, reviravolta e redemoinho
medonho
vida, sonho, sopro e ninho
busca
perda
ganho
sempre sempre sempre só
sozinho
Ante o além Tempo
intangível invisível ininteligível
sem forma, feito sopro, feito sonho soprado
feito a vida freada, contida, deformada qual pé de gueixa, deformada ou
sem forma, feito sopro, feito sonho Inalcançado... feito alcance, feito feito, cansado.
Descansa
da vida vida vida e dos
seus sonhos, sopros e borrachas,
dos ninhos frios abandonados na estação certa de emigrar
além do Tempo, além do lar lugar.
Descansa
das perdas, das pedras, dos
ganhos
beijos
juras
poesias
e pelo lápis sem ponta que é o passado
passado assado exaurido extinguido abandonado Inalcançável
construído na memória, em memória, in memorem!
Tão quebrado quanto o lápis do futuro...
me empresta o apontador?... que o presente
eu queria desenhar no teu caderno,
embaixo da minha poesia mais enluarada
de sonhos
sopro
vida vida
perda e
ganho
busca, busco e sonho
mesmo enquanto descansando
vida
vida vida
sopro vida sonho
nada apaga nada e nada
tudo é perda e/ou
ganho
Mas antes...
vida vida vida,
sonho
No caminho de casa
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on domingo, 6 de setembro de 2009
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De relance eu vi o beco vazio
Onde pombos matam a sede nas poças de água suja.
Ouvi
as vozes que se confundem nos bares
Onde homens afogam a sede
Entre tragos de cerveja, cigarro e cachaça.
E os mendigos entorpecidos, desmaiados,
Nas esquinas imundas da cidade. Dormem,
como se o concreto os velasse.
Caminho sem pressa, nem calma. Adiante apenas.
Passo firme inabalável entre automóveis, edifícios e
sons.
Entre pessoas e
Coisas.
A calçada da avenida é como
Um mosaico pisoteado por gigantes.
Deformado pelo tempo; esse gigante sem tamanho.
A vida que é a calçada, deformada,
mosaico borrado,
Desfocado.
Pisoteado pelo tempo, esse déspota indomável.
E nossa carne fatigada, esquecida dos sonhos que
A enxurrada carregou pra dentro dos bueiros escuros.
A calçada sempre termina,
E apesar do seu fim, apesar dos temporais e dos gigantes que lhe pesam,
Ela fica sempre lá... mais suja ou irregular, não importa!
Ela é sempre um trecho do caminho de casa.
A calçada que é a vida.
Emoldurada de barulhos e silêncios, pássaros e morcegos,
Cimento e/ou árvore. É só um trecho, só uma parte,
exposta a ação de todas as coisas.
Onde pombos matam a sede nas poças de água suja.
Ouvi
as vozes que se confundem nos bares
Onde homens afogam a sede
Entre tragos de cerveja, cigarro e cachaça.
E os mendigos entorpecidos, desmaiados,
Nas esquinas imundas da cidade. Dormem,
como se o concreto os velasse.
Caminho sem pressa, nem calma. Adiante apenas.
Passo firme inabalável entre automóveis, edifícios e
sons.
Entre pessoas e
Coisas.
A calçada da avenida é como
Um mosaico pisoteado por gigantes.
Deformado pelo tempo; esse gigante sem tamanho.
A vida que é a calçada, deformada,
mosaico borrado,
Desfocado.
Pisoteado pelo tempo, esse déspota indomável.
E nossa carne fatigada, esquecida dos sonhos que
A enxurrada carregou pra dentro dos bueiros escuros.
A calçada sempre termina,
E apesar do seu fim, apesar dos temporais e dos gigantes que lhe pesam,
Ela fica sempre lá... mais suja ou irregular, não importa!
Ela é sempre um trecho do caminho de casa.
A calçada que é a vida.
Emoldurada de barulhos e silêncios, pássaros e morcegos,
Cimento e/ou árvore. É só um trecho, só uma parte,
exposta a ação de todas as coisas.
sobre o nada
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on sexta-feira, 4 de setembro de 2009
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Hoje eu quis
escrever sobre o nada
n
a
d
a
sobre o
nada
nada.
Mas o mundo inteiro parece
querer entrar
no meu ouvido.
O mundo inteiro parece
querer se fazer
sentido,
sem fazer sentido algum.
Como é difícil
tentar o nada.
Desperto ou
dormindo.
Talvez pelo fato
de o nada parecer habitar uma parcela
de tudo que é tudo
mas que nunca deixa de ter em si um bocado de nada.
escrever sobre o nada
n
a
d
a
sobre o
nada
nada.
Mas o mundo inteiro parece
querer entrar
no meu ouvido.
O mundo inteiro parece
querer se fazer
sentido,
sem fazer sentido algum.
Como é difícil
tentar o nada.
Desperto ou
dormindo.
Talvez pelo fato
de o nada parecer habitar uma parcela
de tudo que é tudo
mas que nunca deixa de ter em si um bocado de nada.
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on quarta-feira, 2 de setembro de 2009
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Eu sou um forno de idéias, espiritualizado,
recheado de memórias e descobertas sentimentais.
recheado de memórias e descobertas sentimentais.
Olhos de ressaca
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Olhos
são mistérios das almas
que nem sempre se traduzem em
ou condizem com
as palavras.
Olhos
eu olhei,
em olhos eu olhei
em olhos
eu
me olhei. Me perdi
e
me achei.
Olhos sempre dizem
sem precisarem antes,
atravessar
a ponte das palavras.
Tenho saudades
de pares de olhos
que me olharam inteiro
fundo
e querem mais me olhar,
como se eu tivesse mais em mim
para verem
e
pra lhes saciar.
Olhos eu olhei
sempre nos olhos
tentando entrar e ler
sem receios sem ressalvas
é meu jeito de viver.
Com olhos eu olhei
ao passo que outros pares de olhos
também olhavam sem saber
a mesma lua acima
da curva do mar que em ondas
busca ser céu
e o céu num tom mais claro escurecendo e aos poucos
vertendo-se em mar.
Olhos raros, únicos eu beijei,
dentro, neles, me olhei,
mas olhos de ressaca eu nunca tinha visto,
só agora entendo
o olhar da Capitú
que o Machado de Assis tão bem traçou.
são mistérios das almas
que nem sempre se traduzem em
ou condizem com
as palavras.
Olhos
eu olhei,
em olhos eu olhei
em olhos
eu
me olhei. Me perdi
e
me achei.
Olhos sempre dizem
sem precisarem antes,
atravessar
a ponte das palavras.
Tenho saudades
de pares de olhos
que me olharam inteiro
fundo
e querem mais me olhar,
como se eu tivesse mais em mim
para verem
e
pra lhes saciar.
Olhos eu olhei
sempre nos olhos
tentando entrar e ler
sem receios sem ressalvas
é meu jeito de viver.
Com olhos eu olhei
ao passo que outros pares de olhos
também olhavam sem saber
a mesma lua acima
da curva do mar que em ondas
busca ser céu
e o céu num tom mais claro escurecendo e aos poucos
vertendo-se em mar.
Olhos raros, únicos eu beijei,
dentro, neles, me olhei,
mas olhos de ressaca eu nunca tinha visto,
só agora entendo
o olhar da Capitú
que o Machado de Assis tão bem traçou.
Até logo menos
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Vital
on terça-feira, 1 de setembro de 2009
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Não
não fale,
shh...
Não me digas
não me digas nada
tudo isso, todo o todo quanto
queres dizer.
Nominar
é coisificar os sentimentos
encerrá-los em grafia, em conceitos,
e eles não são estátuas
como as palavras que escrevo, como as palavras
que tu escreves.
Melhor
mesmo,
é deixá-los tomar a forma
que eles bem quiserem
livres
tal e qual o barro que nunca
se termina de modelar-se,
o poema que não tem fim.
O que eu sinto
não tem nome nenhum
pra eu poder a cada instante
chamar do que for mais sincero
do que eu quiser
e eu sou sincero.
não fale,
shh...
Não me digas
não me digas nada
tudo isso, todo o todo quanto
queres dizer.
Nominar
é coisificar os sentimentos
encerrá-los em grafia, em conceitos,
e eles não são estátuas
como as palavras que escrevo, como as palavras
que tu escreves.
Melhor
mesmo,
é deixá-los tomar a forma
que eles bem quiserem
livres
tal e qual o barro que nunca
se termina de modelar-se,
o poema que não tem fim.
O que eu sinto
não tem nome nenhum
pra eu poder a cada instante
chamar do que for mais sincero
do que eu quiser
e eu sou sincero.
Cantiga para não morrer
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Vital
on domingo, 23 de agosto de 2009
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Quando você for-se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.
Poema do inifinito Ferreira Gullar que partilho convosco nessa oportunidade.
*p.s.: me perdoem a falta das aspas, elas estavam atrapalhando a estética do poema.
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.
Poema do inifinito Ferreira Gullar que partilho convosco nessa oportunidade.
*p.s.: me perdoem a falta das aspas, elas estavam atrapalhando a estética do poema.
Nós
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Vital
on sexta-feira, 21 de agosto de 2009
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De repente
na madrugada
nunca seria
tarde demais
pra nós
desatarmos os nós
que se fazem entre
nós
e deixar tudo assim
sem ponto
final
na madrugada
nunca seria
tarde demais
pra nós
desatarmos os nós
que se fazem entre
nós
e deixar tudo assim
sem ponto
final
vida
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Vital
on quarta-feira, 19 de agosto de 2009
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Vida.
Nunca te sei definir. Singular
Talvez.
Entro no ônibus e
não sei,
Se o senhor ao meu lado - de todas as histórias que carrega, no corpo e na memória - já
viu o mar. Nem tampouco
sei se a menininha que aperta o nariz contra a janela,
com seus olhos ávidos de paisagem
um dia o verá.
Quanto a mim
Sinto saudade de ouvir o mar
respirar sua brisa salgada, colecionar conchas e abandonar o corpo...
estirado na areia. Assistindo ao trabalho das nuvens;
passageiras
Buzinas e fumaças interrompem minha surreal fuga
no meio do dia.
O ônibus segue seu circuito por ruas incertas
enquanto eu deliro.
Deliro,
e observo as pessoas. Paradas,
no ponto, fumando, de braços cruzados, olhos e olhares que se abrem e se fecham a
cada ângulo, perdidos ou vidrados,
no carro cinza da pista ao lado ou
Atravessando a avenida.
Ao meu redor.
Mania estranha essa de observar os outros.
Desço do ônibus.
Continuo sem te entender,
vida...
como vejo-a agora, transbordante, parece-me plural, ou melhor,
Plurisingular.
E o indivíduo, por mais individual que se pretenda, mistura-se às coisas da natureza
inevitavelmente.
Porque
todos os cacos de que faz-se a vida
estão repletos desse fogo
Azul
que há nas coisas naturais.
Caminho pela rua,
o caos em meio
e a vida ainda indefinida. Indefinível.
Abrindo
em cada esquina
seus olhos multicoloridos.
* a imagem usada é um quadro de Vladimir Kush
Conversa a dois
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Vital
on segunda-feira, 17 de agosto de 2009
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-Como venta por aqui hein?!
-Debaixo do sol todo vento é amigo.
Daí em diante nenhum verbo é capaz de dizer mais do que as mãos
sedentas de tacto.
-Debaixo do sol todo vento é amigo.
Daí em diante nenhum verbo é capaz de dizer mais do que as mãos
sedentas de tacto.
A falta
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Vital
on sábado, 15 de agosto de 2009
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Não quero me sentir assim
exilado de mim mesmo
do meu amor.
Espero um trem pra não sei quando.
Enquanto isso toco as cordas
do meu violão
Olho as nuvens se transformando
pelo vento seu artesão.
Tento uma palavra que acaricia...
não sei se consigo.
exilado de mim mesmo
do meu amor.
Espero um trem pra não sei quando.
Enquanto isso toco as cordas
do meu violão
Olho as nuvens se transformando
pelo vento seu artesão.
Tento uma palavra que acaricia...
não sei se consigo.
Palavra de poeta
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Vital
on quarta-feira, 12 de agosto de 2009
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Eu queria dizer tanta coisa
Que as palavras não são capazes.
E não ser esse poço de intenções verbalizadas
Que busca uma palavra pra traduzir o calor que há
No desejo dum abraço desejoso da pulsação alheia
Misturada em si.
Um homem
Por mais palavras que conheça,
Por mais palavras
que detenha em seu conhecimento.
Não pode jamais
Fazer das suas palavras: pele.
Ele até que tenta se vestir da própria poesia.
Mas ser poeta
é tão somente
Sentir no âmago da solidão
a espera doída das mãos vazias
e descobrir que nenhuma palavra é
por si só uma voz.
A palavra é papel.
Voz é tinta, vibração,
som.
A palavra é arquitetura.
Intenção é cor e moradia.
A palavra é tentativa e risco.
O amor é queda-livre.
Palavra é corpo...
dizê-la é alma.
Que as palavras não são capazes.
E não ser esse poço de intenções verbalizadas
Que busca uma palavra pra traduzir o calor que há
No desejo dum abraço desejoso da pulsação alheia
Misturada em si.
Um homem
Por mais palavras que conheça,
Por mais palavras
que detenha em seu conhecimento.
Não pode jamais
Fazer das suas palavras: pele.
Ele até que tenta se vestir da própria poesia.
Mas ser poeta
é tão somente
Sentir no âmago da solidão
a espera doída das mãos vazias
e descobrir que nenhuma palavra é
por si só uma voz.
A palavra é papel.
Voz é tinta, vibração,
som.
A palavra é arquitetura.
Intenção é cor e moradia.
A palavra é tentativa e risco.
O amor é queda-livre.
Palavra é corpo...
dizê-la é alma.
Na Galeria
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Vital
on segunda-feira, 10 de agosto de 2009
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É no mínimo curioso observar as pessoas na galeria. Que são as mesmas em todas as galerias. Apesar das variações de maquiagens, roupas e treijeitos. Apesar das máscaras sociais com que cada um se veste ao acordar. Tudo isso só pra esconder o que ninguém quer ver, nem no espelho do banheiro de casa. Mas que todo mundo reconhece e tenta transfigurar, e quando pouco, tentam apenas ignorar. Mas ninguém consegue.
Muitas dessas pessoas que vejo caminhar pela galeria com olhares vidrados, curiosos e fortuitos parecem estar sempre enxergando seus propósitos e objetivos bem de perto. Como se em cada vitrine repousasse um novo ideal plenamente alcançável. E eu quase os invejo, quando me deparo com tanta certeza nos olhos e segurança ao andar. Mas eu sempre tropeço, incerto, na minha fixa idéia de que os sonhos e ideais mais sinceros não saem de moda nunca, não mudam de coleção, não vão pra ala das liquidações, só seguem(teimosos) suas próprias tendências... E muito menos acabam ao passo das estações.
Muitas dessas pessoas que vejo caminhar pela galeria com olhares vidrados, curiosos e fortuitos parecem estar sempre enxergando seus propósitos e objetivos bem de perto. Como se em cada vitrine repousasse um novo ideal plenamente alcançável. E eu quase os invejo, quando me deparo com tanta certeza nos olhos e segurança ao andar. Mas eu sempre tropeço, incerto, na minha fixa idéia de que os sonhos e ideais mais sinceros não saem de moda nunca, não mudam de coleção, não vão pra ala das liquidações, só seguem(teimosos) suas próprias tendências... E muito menos acabam ao passo das estações.
sobre a vida das camas
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Vital
on quinta-feira, 6 de agosto de 2009
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É longa a vida das camas?
Elas estão de certa forma sempre lá
nos quartos.
Acolhendo amores de longa data, sonos puros e infantis
assim como efêmeras traições.
Sabem em silêncio tudo que se passa à sua volta
ou acima de si. Escapam-lhe
apenas rangidos
como se amassem também...
como se correspondessem aos amantes e seus gemidos.
Nada dizem as camas, pois não lhes cabe dizer.
Se limitam a acomodar e absorver os sonhos ternos que a povoam...
o calor, o suor e as marcas que os amantes lhe deixam.
O tempo também passa para as camas.
Elas também envelhecem
mudam de casas e quartos
passam pelas gerações
e quando não mais nos servem
quando ficaram demasiado velhas
damos para alguém.
Alguém que quase sempre a tratará
por nova.
E ela: a cama, leva consigo todas as histórias
que viu e viveu, os sonos profundos que dormiu... que fez parte.
Vai resignada
a caminho de tantas outras que ainda virão.
É longa a vida das camas.
Elas estão de certa forma sempre lá
nos quartos.
Acolhendo amores de longa data, sonos puros e infantis
assim como efêmeras traições.
Sabem em silêncio tudo que se passa à sua volta
ou acima de si. Escapam-lhe
apenas rangidos
como se amassem também...
como se correspondessem aos amantes e seus gemidos.
Nada dizem as camas, pois não lhes cabe dizer.
Se limitam a acomodar e absorver os sonhos ternos que a povoam...
o calor, o suor e as marcas que os amantes lhe deixam.
O tempo também passa para as camas.
Elas também envelhecem
mudam de casas e quartos
passam pelas gerações
e quando não mais nos servem
quando ficaram demasiado velhas
damos para alguém.
Alguém que quase sempre a tratará
por nova.
E ela: a cama, leva consigo todas as histórias
que viu e viveu, os sonos profundos que dormiu... que fez parte.
Vai resignada
a caminho de tantas outras que ainda virão.
É longa a vida das camas.
sobre o amor
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Vital
on terça-feira, 4 de agosto de 2009
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saudade combustível,
amor?
depende...
são tantas cores
tantos sons,
tantos amores,
em cada esquina me levo a crer que
em cada beijo, ou abraço amigo,
o corpo fala o que a alma esconde,
e a essência permanece a mesma.
Padrões são vilões,
rotina é uma menina má,
a seguidora dos certos.
Bem ditos sejam aqueles que amam errado!
me incluo,
e adoro sofrer:
não é atoa que se dizem experientes
aqueles que erram demais,
por amar demais.
Poema de minha bela amiga Nathascha
"Para as pessoas de almas grandes"
amor?
depende...
são tantas cores
tantos sons,
tantos amores,
em cada esquina me levo a crer que
em cada beijo, ou abraço amigo,
o corpo fala o que a alma esconde,
e a essência permanece a mesma.
Padrões são vilões,
rotina é uma menina má,
a seguidora dos certos.
Bem ditos sejam aqueles que amam errado!
me incluo,
e adoro sofrer:
não é atoa que se dizem experientes
aqueles que erram demais,
por amar demais.
Poema de minha bela amiga Nathascha
"Para as pessoas de almas grandes"
do Sossego
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Vital
on domingo, 2 de agosto de 2009
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Tem dias em que eu me sinto inspirado...
assim como hoje.
Mas a vontade de escrever não tem aquela fissura descomedida
de dizer-se em toda a dor que sente
em todo amor que há.
É só a busca serena pela arte que desperta alguma beleza
nos olhos de quem vê.
É uma manhã repleta de sol
à deriva, em alto mar, sem medo de seguir
nem idéia de onde chegar
Porque na canção das águas
ouço silêncios coloridos a me convidar.
É leve o vento que me sopra
é doce o mar que me envolve
e os infinitos todos que me cercam
são tão parecidos com esse olhar...
a terra firme da ilha desconhecida está em mim
está em qualquer lugar
onde as melodias do sossego marejado
possam abrir as portas e entrar.
assim como hoje.
Mas a vontade de escrever não tem aquela fissura descomedida
de dizer-se em toda a dor que sente
em todo amor que há.
É só a busca serena pela arte que desperta alguma beleza
nos olhos de quem vê.
É uma manhã repleta de sol
à deriva, em alto mar, sem medo de seguir
nem idéia de onde chegar
Porque na canção das águas
ouço silêncios coloridos a me convidar.
É leve o vento que me sopra
é doce o mar que me envolve
e os infinitos todos que me cercam
são tão parecidos com esse olhar...
a terra firme da ilha desconhecida está em mim
está em qualquer lugar
onde as melodias do sossego marejado
possam abrir as portas e entrar.
na tua intenção
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Vital
on terça-feira, 28 de julho de 2009
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Teu amor em mim é:
sol e poeira
vento e lua
chuva e passarinho.
Estrela cadente...
e o desejo de não ter que desejar
Nem me queimar
no fogo branco do excesso.
Gosto do mar
todo mar que há
e atrai pra si todas as coisas.
Existe também o engano
e é muito triste...
melhor mesmo é ser achado.
Isso não se perde nunca
Não dá
Nem que eu quisesse.
A espera vale o encontro.
Gosto dessa sua mansidão.
Vou procurar uma estrela
pra chamar de minha,
bem brilhante... solitária como eu
pra me lembrar sempre você.
Em todos os cinco minutos que fazem minha vida.
Cinco minutos é o tempo em que teu cigarro queima.
Variam tanto cinco minutos...
Em alguns acontece tanta coisa
Noutros, tanto é só a fumaça
a velar o outro lado da rua.
Sabe...
Eu leio na sua alma
um bocado grande de mim mesmo.
Não me agradeça
não carece agradecer
mais me agrada a tua forma
tua forma de ser.
Me agrada é ser.
Também sinto uma vontade danada de te agradecer
de te agradar... e ser
Apenas.
Meu melhor beijo te espera
amadurecendo a cada efêmera despedida.
Não se cubra...
nenhuma roupa vai lhe cair melhor que a tua nudez despida.
Amanhã de manhã te escrevo
um verso de vento.
Seu número tá anotado num pedaço de papel
guardado no bolso...
confia em mim
Não vou perdê-lo
nem vou perder-te.
beijobeijobeijobeijobêi
flor!
sol e poeira
vento e lua
chuva e passarinho.
Estrela cadente...
e o desejo de não ter que desejar
Nem me queimar
no fogo branco do excesso.
Gosto do mar
todo mar que há
e atrai pra si todas as coisas.
Existe também o engano
e é muito triste...
melhor mesmo é ser achado.
Isso não se perde nunca
Não dá
Nem que eu quisesse.
A espera vale o encontro.
Gosto dessa sua mansidão.
Vou procurar uma estrela
pra chamar de minha,
bem brilhante... solitária como eu
pra me lembrar sempre você.
Em todos os cinco minutos que fazem minha vida.
Cinco minutos é o tempo em que teu cigarro queima.
Variam tanto cinco minutos...
Em alguns acontece tanta coisa
Noutros, tanto é só a fumaça
a velar o outro lado da rua.
Sabe...
Eu leio na sua alma
um bocado grande de mim mesmo.
Não me agradeça
não carece agradecer
mais me agrada a tua forma
tua forma de ser.
Me agrada é ser.
Também sinto uma vontade danada de te agradecer
de te agradar... e ser
Apenas.
Meu melhor beijo te espera
amadurecendo a cada efêmera despedida.
Não se cubra...
nenhuma roupa vai lhe cair melhor que a tua nudez despida.
Amanhã de manhã te escrevo
um verso de vento.
Seu número tá anotado num pedaço de papel
guardado no bolso...
confia em mim
Não vou perdê-lo
nem vou perder-te.
beijobeijobeijobeijobêi
flor!
da dúvida
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Vital
on segunda-feira, 27 de julho de 2009
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Ser poeta
ou
poesia
?
ou
poesia
?
a quem não me conhece
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Vital
on domingo, 26 de julho de 2009
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da simultaneidade
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Vital
on segunda-feira, 20 de julho de 2009
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do julgamento
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Vital
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Julguem-me o quanto quiserem. Não me importo. Aliás, quase me agrada poder suportar esse fardo sem grandes esforços. O que eu mais gosto disso tudo, é que quanto mais impetuoso e ferrenho é o vosso julgamento, tanto maior será vossa surpresa.
Procuro o meu lado mais generoso para tratar convosco, enquanto me rotulam, me limitam a um estereótipo e punem-me com indiferença. Por isso digo surpresa e não engano. Porque o engano nunca me apetece, nem mesmo quando é a meu respeito que se enganam, o engano é uma forma de atraso e já é tempo de despertar.
Vocês não sabem que o que pesa realmente sobre os ombros de um homem é essa capa preta e o martelo irrevogável com que se vestem suas parcas consciências. Não sabeis o valor de um engano? Parece-me que não, do contrário, estariam aprendendo com os teus. Mas o passado está sempre assombrando nossas vidas. Ele é uma armadilha insondável que prende um homem sem mesmo que ele possa antes alcançá-lo. E vocês se perderam num lugar qualquer entre a vida e o passado. Não veem o quanto é vã tua batalha contra o tempo esmagador? Os erros e enganos são buracos em que devemos cair e dentro, neles, sentir medo, pra depois rompermos com a escuridão e as paredes que nos cercam. Pra depois olharmos o céu com menos parcimônia. Aceitem que tudo morre e/ou cai por terra um dia, até os erros mais profundos, até o mais imperdoável dos enganos... julgar.
Procuro o meu lado mais generoso para tratar convosco, enquanto me rotulam, me limitam a um estereótipo e punem-me com indiferença. Por isso digo surpresa e não engano. Porque o engano nunca me apetece, nem mesmo quando é a meu respeito que se enganam, o engano é uma forma de atraso e já é tempo de despertar.
Vocês não sabem que o que pesa realmente sobre os ombros de um homem é essa capa preta e o martelo irrevogável com que se vestem suas parcas consciências. Não sabeis o valor de um engano? Parece-me que não, do contrário, estariam aprendendo com os teus. Mas o passado está sempre assombrando nossas vidas. Ele é uma armadilha insondável que prende um homem sem mesmo que ele possa antes alcançá-lo. E vocês se perderam num lugar qualquer entre a vida e o passado. Não veem o quanto é vã tua batalha contra o tempo esmagador? Os erros e enganos são buracos em que devemos cair e dentro, neles, sentir medo, pra depois rompermos com a escuridão e as paredes que nos cercam. Pra depois olharmos o céu com menos parcimônia. Aceitem que tudo morre e/ou cai por terra um dia, até os erros mais profundos, até o mais imperdoável dos enganos... julgar.
Só
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Vital
on sexta-feira, 17 de julho de 2009
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Palavras nunca me faltaram.
Nem me faltam intenções.
Ansiedade.
A boca seca na fumaça da espera
de que um'outra a compreenda.
Sabe, as vezes é mais fácil sentir a solidão
no meio de muitos. No olho do furacão.
Os olhares... dizem dos mistérios da alma.
Mas eu... sou como esse disco velho, jogado sobre a mesa,
arranhado com indiferença, repleto de segredos esquecidos.
Concebido no útero vulnerável da dúvida.
Eu não quero que o papel acabe. Não quero
que a noite acabe. Quero
a carícia contida, o vento na cara
e a calçada da avenida.
Quero uma solidão madura que acompanhe a minha...
que lhe abrace e lhe estenda a mão.
Nem me faltam intenções.
Ansiedade.
A boca seca na fumaça da espera
de que um'outra a compreenda.
Sabe, as vezes é mais fácil sentir a solidão
no meio de muitos. No olho do furacão.
Os olhares... dizem dos mistérios da alma.
Mas eu... sou como esse disco velho, jogado sobre a mesa,
arranhado com indiferença, repleto de segredos esquecidos.
Concebido no útero vulnerável da dúvida.
Eu não quero que o papel acabe. Não quero
que a noite acabe. Quero
a carícia contida, o vento na cara
e a calçada da avenida.
Quero uma solidão madura que acompanhe a minha...
que lhe abrace e lhe estenda a mão.
meu mundo
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Vital
on sexta-feira, 10 de julho de 2009
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Senti-me logrado pela perda de coisas que não são, nem nunca foram minhas. Como se o assalto fosse capaz de me subtrair e tornar-me menor diante da vida. Não. Ele não é capaz. Porque tudo o que eu realmente sou está dentro de mim. São as coisas que eu oferto a quem se interessa e não podem ser roubadas. Não me empobrecem tais doações. Não existe valor mercantil nessa troca. Porque o valor quem dá é cada um. E assim é com a vida. A religião que eu crio e creio é o que eu sou de fato, é a minha verdade. Foi assim que nasceu o primeiro santo. Da sua própria verdade absoluta. Não existe o segredo nem o sucesso mecânico e behaviorista de condicionar-se a crer. Existe a vontade sincera de ver. Existe a fé de quem ficou no sertão esperando chover pra salvar a sua ultima vaca magra e ressecada, enquanto todos partiam. Existe a certeza do índio que acredita que a sua dança chama a chuva e a chuva chovendo porque ele não parou um instante sequer até que ela caísse.
Eu faço o meu mundo porque aprendi primeiro que não sou o seu dono. Sou sua criatura e o seu criador.
Homenagem à inspiração
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Vital
on terça-feira, 7 de julho de 2009
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Ah minha cara, assim tem sido com a vida... com o amor. Desencontros. Esperanças frustradas, ideais esquecidos. E a gente aqui, procurando um lugar nosso. Sem saber como e onde. Quem de nós pode dizer como seria se não tivéssemos encontrado amores em braços que insistem em se fazer distantes? Nos tornamos então confidentes discretos, criamos coisas só nossas. Dissemos coisas que não diziamos a ninguém. Verdades. Muitas verdades.
Ora essa amiga, não sustentes esse olhar tão triste. Nem tema pelo que a voz da consciência venha lhe dizer. Que a necessidade, nada mais é do que o próprio medo da necessidade. Eu bem queria saber pintar essa tua tristeza azul com as cores que inventei. Mas teu mistério reside mais fundo do que eu posso chegar. E da tua tela mais pura eu não sou digno.
Entresoube-mo-nos nas palavras que não foram ditas. Adivinhamos as nossas expressões sem nos vermos com os olhos. E foi-me inspirador ver a naturalidade disso. E se voce busca hoje o fogo do amor, o mesmo com o qual eu me queimei. Eu espero e construo com paciência meu amor que não quer estar exposto à boca do dragão quando ele voar sobre nossas casas.
O tempo amiga, só temos o que doamos. Porque tempo ninguém tem, nem ninguém sabe. Mas creia-me, ele transforma todas as coisas, inevitavelmente. Ele revela visões inimaginadas, de lugares pelos quais já passamos. E sofremos por enxergá-lo. "Pois assim tem sido com o amor, ele só conhece sua profundidade na separação." Foi o que li num livro rico de saberes, e guardei na memória pra te dizer, como quem trás nas mãos uma jóia rara que te completa com precisão.
Eu queria mesmo era ser como aquela árvore frondosa e carregada de frutos, que não se importa com o que fazem os homens negociantes que nunca param. Que nunca encontram o seu lugar. A árvore sabe exatamente o seu lugar, e deixa isso claro para quem quiser desfrutá-la, seja no paladar, seja na sua sombra. Eu sou, ou busco ser essa árvore... sempre disposto e um pouco verde oferecendo o que tenho nas mãos e nos olhos pra você: minha doce ausente inspiração.
Ora essa amiga, não sustentes esse olhar tão triste. Nem tema pelo que a voz da consciência venha lhe dizer. Que a necessidade, nada mais é do que o próprio medo da necessidade. Eu bem queria saber pintar essa tua tristeza azul com as cores que inventei. Mas teu mistério reside mais fundo do que eu posso chegar. E da tua tela mais pura eu não sou digno.
Entresoube-mo-nos nas palavras que não foram ditas. Adivinhamos as nossas expressões sem nos vermos com os olhos. E foi-me inspirador ver a naturalidade disso. E se voce busca hoje o fogo do amor, o mesmo com o qual eu me queimei. Eu espero e construo com paciência meu amor que não quer estar exposto à boca do dragão quando ele voar sobre nossas casas.
O tempo amiga, só temos o que doamos. Porque tempo ninguém tem, nem ninguém sabe. Mas creia-me, ele transforma todas as coisas, inevitavelmente. Ele revela visões inimaginadas, de lugares pelos quais já passamos. E sofremos por enxergá-lo. "Pois assim tem sido com o amor, ele só conhece sua profundidade na separação." Foi o que li num livro rico de saberes, e guardei na memória pra te dizer, como quem trás nas mãos uma jóia rara que te completa com precisão.
Eu queria mesmo era ser como aquela árvore frondosa e carregada de frutos, que não se importa com o que fazem os homens negociantes que nunca param. Que nunca encontram o seu lugar. A árvore sabe exatamente o seu lugar, e deixa isso claro para quem quiser desfrutá-la, seja no paladar, seja na sua sombra. Eu sou, ou busco ser essa árvore... sempre disposto e um pouco verde oferecendo o que tenho nas mãos e nos olhos pra você: minha doce ausente inspiração.
A Retina
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Vital
on sábado, 4 de julho de 2009
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Vai chegar o dia em que eu vou fugir de todas as rotas.
Das rotinas.
Dos rótulos.
E a retina não mais refletirá o nojo das esquinas urinadas, dos amontoados de lixo
jogados aos pés de postes que não iluminam.
O olhos não mais será o espelho lacrimoso
Dos meninos de rua que se perdem entre a cola de sapateiro e um sonho de futebol.
Que se perdem na ilusão - na ilusão que é o carnaval.
E no medo da polícia.
Não adianta fechar os olhos, pra esquecer toda miséria.
É inútil servir-se desse escudo que é pálpebra, visto o visto, e ainda o que há por vir.
Dói trazer nos olhos isso que se diz mundo/homem, que grita fome! - pois os vermes enchem a barriga, mas não nutrem a carne, nem o pensamento - e é tudo vida,
hemorrágica, vomitando violência.
Das rotinas.
Dos rótulos.
E a retina não mais refletirá o nojo das esquinas urinadas, dos amontoados de lixo
jogados aos pés de postes que não iluminam.
O olhos não mais será o espelho lacrimoso
Dos meninos de rua que se perdem entre a cola de sapateiro e um sonho de futebol.
Que se perdem na ilusão - na ilusão que é o carnaval.
E no medo da polícia.
Não adianta fechar os olhos, pra esquecer toda miséria.
É inútil servir-se desse escudo que é pálpebra, visto o visto, e ainda o que há por vir.
Dói trazer nos olhos isso que se diz mundo/homem, que grita fome! - pois os vermes enchem a barriga, mas não nutrem a carne, nem o pensamento - e é tudo vida,
hemorrágica, vomitando violência.